segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Só vale mesmo depois do porém

Eu pensei que tinha pecado
Mas
A vida é uma questão de atitudes
A vida é uma questão de atitudes não qualificáveis

domingo, 29 de dezembro de 2013

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Eu não quero virar uma prostituta


Um breve desabafo.

Esses dias estava numa balada e um colega da Letras me perguntou se eu não queria dar aula na escola que ele trabalha, eu contei que minha carga horária já estava fechada e a resposta que ele me deu foi: Mas a escola que eu trabalho paga muito mais que você recebe, larga a sua.

Depois quem comentou que estava precisando de professor de Letras para uma desconhecida fui eu, a primeira resposta dela foi: Qual o valor da hora/aula?

Poxa vida, eu tenho até preguiça de comentar esse tipo de situação, eu realmente me importo com tudo que eu preciso comprar e pagar, mas meus valores ainda são outros. E prostituição por prostituição, sei não, acho que eu prefiro o modelo primitivo.

"Numa moldura clara e simples sou aquilo que se vê".

Mim

Caminho o meu caminho.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Ar para o estepe

Existe uma larga distância entre os fatos e as justificativas.

Esses dias um amigo terminou um namoro e surpreso que estava com o término, escreveu assim: "Mas ainda ontem você me chamou de amor", a resposta que recebeu: "mas você era mesmo, não foi mentira". Desculpe, meu caro, foi mentira sim! Eu também já contei essa mentira porque era o que tinha que ser dito, porque apesar de a pessoa estar certa na acusação, falta coragem de afirmá-la, coragem de ferir o ex-ente-querido ou de algum modo é preciso manter o pneu reserva sempre cheio pro momento certo.

Eu também já fiz algumas acusações e recebi tantos belos argumentos contrários que acreditei. Já recebi várias explicações de porque agiram de determinada  forma comigo. O fato é que a verdade está no cotidiano, está nas atitudes diárias e não há neste mundo palavra que mascare o que as ações mostram e que precisamos reconhecer. "Conte comigo sempre" é mostrado na hora que você precisa, não em palavras bonitas. "Te admiro" está no olhar bondoso e não no julgamento esmiuçado no momento de raiva.

"Mas era justamente o fraco que deveria saber ser forte e partir, quando o forte é fraco demais para poder ofender o fraco", A insustentável leveza do ser me respalda. Um fato verídico é popular: "nasce-se só, morre-se sozinho". Caminho o meu caminho.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Meus pequenos mimetismos.

"E quando nasço, fico livre. 
Esta é a base de minha tragédia"- Clarice Lispector/Água Viva.


Foram os meus erros
e meus acertos
que construíram parte deste universo.

Eu não gostaria de esquecer os fatos
Aprazem-me minhas memórias
Eu gostaria
somente
de nunca errar.

A lembrança é um milagre

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Brilho eterno de uma mente sem más lembranças.


Eu achei que esse cheiro nunca fosse acalmar. Eu pensei que ele sempre teria passado a ser ponto de desequilíbrio. Aí hoje eu o usei para tomar fôlego. Respirei fundo com esse aqui que tanto me sufocou porque é dele que não lembro mais, é ele que já não me dá asma, é ele que se perdeu no tempo, deixou de ser afetação e se tornou afeto. Carinho por um momento passado: tempo passado que eu ultrapassei, virou lembranças fajutas desprovidas de variações sentimentais negativas. E, me perdoem os clichês, ele chama "Doces Pecados Secretos", em 2009, quando eu adorava baunilha.

Olha, meu bem, eu descobri que a gente nasceu para superar. E tenha paciência que a superação é ignorante e egoísta. Ela tem o tempo dela e não está preocupada se você está cansado. Eu vou te contar como ela é:

É sobre o ovo que eu quero falar. Tudo tem seu tempo. É sobre o ovo que eu tenho tanto falado. Quando eu penso na minha vida que ando vivendo, eu imagino um pano de chão molhado sendo retorcido, eu estou aqui torcendo ele porque eu quero enxugá-lo, ele nem está sujo mais, mas está muito úmido e por mais que eu o retorça, sempre cai mais uma gota. É que é assim mesmo, tudo tem seu tempo de esgotamento, as gostas não precisam só cair, elas também precisam evaporar até que o tecido se veja seco novamente e molhado outra vez, seco e molhado, seco e molhado, secando novos pisos e absorvendo tudo que precisam sugar até que mais uma vez possam voltar ao varal e se esticar. Esse bom pano de chão nem perde a maciez e a capacidade de absorção. Ele só fica retalhado, é que ele aprendeu tudo que precisava mesmo, aí é que eu volto pro ovo.

O ovo a gente fica lá. Você tem a capacidade de imaginar o desespero do enclausuramento do pintinho dentro dele? Mas veja: o pintinho é o próprio ovo. E o ovo é ele. Não é clausura até que ele mesmo perceba que já sugou toda a "claridade" e que aquilo não é mais ele e sim o ovo. Aquela coisa que nem ele mesmo sabe mas que o está prendendo e por isso surge aquele impulso frenético de ir embora. Mas antes de haver a quebra, o ovo é o próprio infinito, porque ele é tudo que o próprio pinto é e o pinto só reconhece aquilo. Não seria o medo de ir e descobrir o que está ali fora, pior que a raiva de se dar conta que está lacrado por algo que já foi teu? Ou foi você? E que ninguém pode ajudar, porque ajudar é pior? Socorrer será matar e morrer de ajuda não é.

A gente tem medo de quebrar a casca do ovo, mas a gente quebra. Sabe o que é? É que sempre há novas perspectivas e sempre estamos quebrando cascas.

Bonitinhos e ordinários.

- Eu gosto tanto de você que eu não quero só te abarrotar de coisas materiais, eu quero te encher de lembrancinhas fajutas!

Eu nunca me encantei tanto com um clichê tão sincero.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

segunda-feira, 29 de julho de 2013

C'est la vie


É que ela tenta mudar pela aparência o que é a sua própria vida. Nem sempre adiantou, vez ou outra vai. Corta os cabelos aparando as arestas dos conflitos internos, muda a cor de seus fios pelo brilho que falta no mundo... faz as unhas, compra umas roupas, viaja, troca as músicas, lê Clarice Lispector. Ela é a porção feminina que habita este tipo de universo de padrões, ela sabe, já falidos. Ela chama assim: istmo de época: não é do passado e ainda não é concisa no futuro: flutuante de períodos sociais, ela sabe, vive no nem. Abstrata de alma, hermética nos traços, ela é cada porção física do que tenta ser na existência. E ela nunca nem esteve aqui e talvez nunca consiga.

Dialetal, ambígua, contraditória. Mas olhe, é sim uma confusão, mas também é doçura... pois que apesar de todos os disfarces errados que comprou do destino, ela continua preferindo acreditar nas pessoas e nos fatos. Veja bem, não é mais inocência... o peso da culpa levou essa parte de sua delicadeza... é por princípio. Outra coisa que ela decidiu, resolveu ser uma pessoa de priores. Contando inclusive que a prioridade é ela mesma e o seu bem estar consigo.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Texto curto III - Eu


Fico muito feliz por todo aquele 
que encontra cada um dos meus 
personagens em mim, encaixa ele 
tudo que não organizo em mim.

Um suspiro.

Eu acho que foi lindo e que acabou.

Mel

Cada um luta com os recursos que possui.
Eu possuo comigo o dom de ter aprendido a entender que sou uma pessoa só.

Mel

Talvez eu nem seja ambígua,
apenas ouço todas as vozes que falam na minha mente.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Texto curto I - O problema.


A gente não pode desacreditar do amor, mesmo que nossas práticas digam o contrário. Provavelmente o erro está no praticante e não na alma do que se conhece por amor.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Caso de indivíduo.



Cada um encarna a vida a sua natureza.
Eu encarnei assim:
Me afeto, mas não me afundo.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Bom dia, Brasil. Está na hora de ir pra escola!


"Se você for assaltada, você prefere ser assaltada por quem?"
"Por um assaltante que não me estupre e deixe meus documentos".

Foi esse o diálogo que tive com meu pai na escada, nas últimas eleições, esperando na fila a hora dele votar, a metáfora perfeita sobre escolher nossos governantes, qual menos corrupto de tantos corruptíssimos?

Eu estou cansada de falar sobre esses protestos, estou farta de ter que explicar às pessoas o que penso sobre este fenômeno. Eu nem nunca gostei de conversar com gente que eu não penso que me acrescente intelectualmente... mas ora essa! Não era isso que essa classe docente sempre quis? Está cansativo, mas está do jeito que precisa ser e é obrigação discutir esse fenômeno.

Os protestos que se espalham pelas ruas são protestos sim, e daí que as pessoas sorriam? E daí que elas se esgotem em fotos para as redes sociais? Estamos todos felizes mesmo com essa levante social que aconteceu do nada, que vem completamente despreparada, que ainda não entendemos e que ocorreu pela mesma rede social. As fotos, os status, os comentários são nada mais, nada menos, que nossa resposta a essa mesma e única mídia confiável.

Eu não formei um pensamento definitivo ainda sobre tudo isso, mas eu estou gostando do que estou vendo. Estou gostando desse povo que não entende nada de política e está lá na rua paquerando (eu particularmente nem sabia que tinha tanto hétero bonito em Gayânia), estou gostando do movimento pacífico, estou gostando da marcha sem bandeira, estou gostando das bandeiras tentando ser levantadas, estou gostando das fotos no Instagram, dos posts alienados de quem está tentando entender política, estou gostando dos meus alunos com chamados nada a ver no Facebook, estou gostando do vandalismo, estou gostando dos compartilhamentos sobre manifestos em outras regiões, outros países, das instruções de como se portar, das notícias de Twitter, dos cartazes políticos, dos comediantes e dos político-comediantes.

Por favor, caros companheiros, não firam a liberdade desse nosso meio de comunicação que veio para mudar nossos parâmetros, a internet nos ajuda a ruir com esse sistema político que tira nossa dignidade!

Tô gostando de tudo isto que está acontecendo pelo simples mérito da consequência. Nosso país enlouqueceu, ficou doido de indignação, poucos sabem porque estão nas ruas, mas TODOS estão por insatisfação, está aí uma coisa que todo mundo sabe, todos estamos incomodados, mesmo que não saibamos o motivo. Seja de branco ou fazendo arruaça, seja com ou sem consciência política, seja ficando até o fim do protesto ou terminando no Mercatto, a causa é única: INSATISFAÇÃO. Nosso governo sabe disso e sabe que corre perigo, diga-se de passagem a lavagem cerebral do "movimento pacífico, POR ENQUANTO".

Nosso bixeiro preferido, Marconi Perigo, nos deu rosas, olha que bonitinho!? Todo mundo pegou, tirou foto e no outro dia choveu desgosto no Facebook: "Ele deve estar rindo da nossa cara hoje". Olha, rindo ele até pode estar, mas aposto que ele trancou o cu, igual marido que compra flores para esposa depois de ter feito merda. Que pena, a gente sabe que mulher braba mesmo não se convence.

E agora? Quem poderá nos ajudar? Para onde vamos? Como prosseguiremos? Não sei, eu particularmente estou inclinada a entrar para política e ver se pego um pedaço neste cesto de frutas, vejo se não me contamino pela maçã podre que é a corrupção e tento fazer alguma coisa pelo meu país. Também não acredito que nossa nação vai mudar nas urnas. A corrupção é um mal impregnado em nosso povo, nos contaminamos com ela, essa doença que mata nosso país, temos o governantes que representam o que somos. Talvez o único modo de resolvermos este problema seja mesmo a educação, mudarmos os hábitos de nossas crianças, darmos o exemplo como pais, professores, irmãos. Vamos mudar nosso país e primeiro nossa casa, nosso comportamento individual.

Não sei como tudo isso vai se desenrolar, eu só espero que o povo enlouqueça cada vez mais de insatisfação, que saia na rua cada vez mais louco, cada um a seu modo, que nossos governantes engulam o medo que nos incute e o absorva. Que façam assim como meus alunos o dever de casa não porque compreendem a necessidade dele ou porque seus pais lhe digam que tem que fazer, mas, sim, simplesmente porque ficarão sem recreio e terão que copiar no caderno de caligrafia quarenta vezes: "Sou um aluno responsável, inteligente, estudioso e faço todas as minhas tarefas". Vamos ver até onde essa geração Coca-Cola vai sopitar.

Quarta-feira estou em Brasília, espero todos vocês lá, irmãos de TODA minha pátria.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Seu Madruga já dizia.


E o tanto que meu bolso, minha mente e minha dignidade foram saqueados? 
Ninguém vai comentar no jornal?

Um alarme toca na cidade, em dez minutos está lá a polícia pronta para policiar. 

Uma cidade está em alerta, a cidade começa a ser depredada, roubada, destruída, a polícia disse que não interviria nos protestos explodidos pelo país e então não aparece dez minutos depois, não aparece uma hora depois, aparece no final da noite, com o mal-feito feito.

Eu me lembro de um professor de matemática que largou a turma, se demitiu e foi embora, ele falava assim: "Quero ver eles se virarem sem mim, não sabem tudo? Que se arrumem sozinhos!"... Adulto também dá birra, quando é que essas pessoas policiais se esqueceram que também são pessoas povo?

Isso de não aparecer na hora que se tem por obrigação agir, de não acompanhar para PROTEGER, pra mim chama vingança. Tiraram as arminhas de brinquedo, as bombinhas de traque e as crianças não querem mais brincar.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Filtro.

"Só o Ratinho para falar a verdade em rede nacional" - Só o dinheiro, a audiência e os interesses particulares para que a verdade que querem que seja declarada em rede nacional seja declarada. A luta do ser humano deve ser a de não ser massa de manobra. Até que ponto somos efetivos, se é que seremos? O voto muda o que, se eu tenho que escolher o menos corrupto de cinco corruptíssimos? Até onde o meu pensamento está independente e as minhas vontades (que eu penso serem minhas) não são objetos de manipulação?

Classe média abstrata.


Sempre estive capiciosa sobre o problema de deixar-se cativar.

O problema da raiz, o problema da dor.

Sou muito dona de terras para aceitar êxodo com desprendimento.

E sofrimento a gente sente, só, no coração. 

Mas sofre do coração quem não tem problemas concretos, nem soluções efetivas. Um pouquinho de miséria e aristocracia, por favor.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Uma pessoa só.


Olhe-a, ela que flutua enquanto remexe cada uma de suas costelas e diversas tatuagens. Ela que fala e pensa nela e no mundo, ela que se ama mais por recado que pelo próprio narcismo. Observe-a, ela que balança seus finos fios cor de mel e move seus olhos de baixo pra cima e às vezes de lado, dizem que seu gosto é doce. Esse ser que você observa é cada expressão exterior do que ela mesma é interiormente e consegue refletir em ti de ti... mas não se engane! Apesar de espontâneo, é proposital. Essa criatura questiona todos os dias enquanto flutua pelos lugares cadê tudo que ela merece.

E seus lábios vermelhos fazem biquinho quando fala e suas sobrancelhas ora ou outra arqueiam, ela é translúcida, apesar de meio desvairada também. É apavorada pela vida e pela morte, tem pela vontade de morrer a mesma de viver, morre de vontade de viver e vive de vontade de morrer. Mas veja! Não é heresia, é só curiosidade pelo desconhecido.

Vai dançando, assim pequena, nesse mundo de poeiras cósmicas e vez ou outra deserta de galáxias. Ela está quase pronta, ela acha.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

É necessário ter rugas



Você precisa morrer para entender na vida as coisas que entendi. 


Houve uma conversa entre amigos que eu não estava, mas que a Ana comentou comigo. Era sobre o fato dessas pessoas que conhecemos num dado momento, depois de algum tempo mudarem tanto que a impressão mais filosófica a que chegamos é a de que morreram: morreram no jeito, na aparência, na voz, na cultura, morreram, às vezes cedo demais e isto é doloroso... tanto para elas, quanto para nós, ambos em algum tempo nos perguntamos aonde foi, ora bolas, que nos perdemos, quando foi que nos enterramos?

E neste meu diálogo com a Ana, a conversa era sobre o tipo de morte em que o indivíduo ainda vive, o que prova a existência de qualquer existência que não mais reconhecemos é o corpo, os traços que sobraram, alguma luz nos olhos. E falávamos de uma outra amiga que morreu, mas a Ana relembrou o comentário da Vívian sobre esta conversa em que eu não estava presente, a Vívian é minha irmã:

- Eu acredito em qualquer essência que está alí, a essência que nos fez amá-la pela primeira vez e talvez só falte o convívio para enxergarmos qualquer resquício de vida primitiva... exemplo disso é a Lílian, veja como ela é completamente diferente desde que a conhecemos.

E terminou assim a Ana: "Lili, você é uma dessas pessoas que morreram". Bem... eu já sabia que tinha morrido, eu só não sabia que o mundo também já tinha lido o obituário.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Autodidata não existe

O ensino é uma relação mútua de aprendizado
aprendemos e ensinamos cotidianamente
Compreende aquele que se possibilita
Absorve aquele que se abre
Interioriza aquele que se reconhece
carrega aquele que sente.

Eco

E eu que pensei que você não ia chegar
Que suspeitei que você não fosse ficar
Que acreditei que não íamos partir

E eu que pensei que você não ia chegar
Que suspeitei que você não fosse ficar
Que acreditei que não íamos partir

Carta ao passado - Um parágrafo descontextualizado de três.


Me falou assim: "Eu vou saber que é pra mim até quando você for uma velha caquética". Mas eu só ia postar depois de muito tempo.

Tempos atrás escrevi uma carta ao passado, um texto ruim, apaixonado, sincero... cego: 

"[...] Te quero dias de extremo amor e liberdade e quero que nesses seus dias livres, possamos ser sempre o que somos, sem que qualquer pessoa tolha seus direitos de vida ao vento. Quero que você seja cuidado, que te façam massagem e que te tragam café na cama, quero que você seja ouvido e que tenha apoio, quero que te deixem pensar com sua própria mente. Quero que você seja embrulhado a noite por cobertores e pernas. Quero que sua vida seja tão feliz quanto eu observo que você merece e precisa. Quero que você possa sair, dançar, beber e cantar e que te achem lindo pela vida selvagemente urbana que leva... e que você possa descansar nos dias de fadiga ou aos domingos no campo. Quero pra você, tudo que desejo ardentemente para mim e, neste breve momento, quero ser também a executadora de cada vontade que tenho para ti. Neste breve momento. Acho que descobri o sentido de amar e, provavelmente, não foi pra você que descobri este sentido, mas quero esgotá-lo em nós, até que se renovem os dias, os locais e as pessoas de olhos puxados e gosto particular...".

Tudo isso passou, tenho aqui o recorte de uma carta não entregue de um momento que lembro mas não compartilho, acho que isso é o que chamei esgotamento, aquele instante em que não há uma gota a mais para cair e ninguém pra molhar também, aí a gente joga a toalha, pede arrego e começa tudo de novo numa outra vida... nossa! Chego a sentir o cheiro da preguiça que essa dinâmica me traz.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Okay, você perdeu.

Eu não quero ficar com você.
Mas eu não quero que ninguém te roube de mim.
Por isso dou a essas pessoas que estão tentando te me roubar,
o pior castigo do mundo:
ter-te em suas vidas.

Seja bem-vindo.


Colega,

devo dizer-lhe nesta manhã de quinta-feira-feriado, que compartilho de sua preguiça. Também estou fatigada desta dinâmica social circular que sempre chega ao mesmo ponto e principalmente, também já dei um basta a repetir os rituais sem finalidade à minha evolução humana. Experiência antropológica tem limites. Adeus tudo que não é novidade, adeus tudo que tenha um ponto de mofo, o fungo, já se sabe, contamina.

Eu estive aqui, aguentei, aguentando cada turbulência. Segurei cada ponto crítico, chorei escondida, anestesiei-me, preparei-me para o pior, tornei-me uma pessoa assustada e aí, portanto virei-me do avesso e isso foi para o meu corpo como uma cólica renal, dor no ventre, roupa amarrotada, tecido sujo, bolsos vazios cadê eu? Eu acabo de voltar da experiência antropológica, que saudades de você minha vida, voltei pra você, vamos ficar juntas pra sempre? Não. Eu sei que não vamos. Eu sei que sempre aparecem novas pedras no meio do caminho, eu sei que a circularidade é inexorável. Eu sei que já prometi ficar e parti, eu lembro que já me prometeram e se foram e sei mais ainda que já houve promessas de eternidade e quem quis partir fui eu. Ir embora também é inexorável. Vai-se embora dos tempos, das matérias, dos níveis, este universo é mesmo de passagens, apenas viagens lindas e efêmeras. A força é que eterna.

Eu sei que às vezes dá vontade de voltar, não volto, temos mesmo de queimar a ponte que acabamos de atravessar... perder o medo do inesperado, esquecer a falta de perspectiva, sempre há novas perspectivas, nós é que, não enxergando além do horizonte, ignoramos as novas paisagens. Logo, assumo a responsabilidade de ser firme, manter a posição, o que acabou está terminado... nunca se entra no mesmo rio duas vezes e estou farta de mais do mesmo. Novidades, apareçam além da estrada, cansei de mato velho.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Aula de português



1) Faça análise morfológica das palavras retiradas do texto lido:
a) Bola b) Pássaro c) Vai d) Disciplina e) Legal

Professora, substantivo é aquilo que tem existência no universo?
Sim.
E disciplina existe no mundo?
Boa pergunta, Gabriela.

Tia, vai é verbo de qual verbo?
Do verbo ir, Rafael.
Mas já não foi, tia?

Aff, tia, eu sou o único menino que veio pra aula de leitura hoje!
Uai, Rafa, você é o bendito ao fruto.
É... eu já acostumei, no outro ano era só eu de menino na sala.
Viu? Bom que você relembra o passado.
Eu na verdade tava tentando esquecer, professora.


Breve explicação ao destino.

Preciso de inspiração,
mas, Deus, não entenda isso como quero uma desilusão.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Que cereja também tem um pouco de morango



Às vezes me dou conta que muitas pessoas que idealizei em certo período sumiram, vez ou outra as encontro na rua e percebo, tristemente, que aqueles seres que conheci lá num passado que nem é longínquo, morreram, não existem mais e não existe mais nenhum encaixe (meu?) com o ser anterior. Daí o poder do tempo do universo sobre as existências ínfimas.

Quando vejo fotos minhas ou filmes caseiros aos 5 anos de idade, percebo sim que existe qualquer essência abstrata e particular naquele invólucro infantil que perdura... mas será que aquela pessoa ainda vive? Eu sou aquela criança da foto no pátio da escola ou aquela imagem não revela o ser de agora? O ser de ontem revela ainda o ser de hoje? ...

Eu não sei se acredito em mudanças, penso mais em acentuação... acentuamos, agravamos o que sempre fomos, não é que ele mudou, é que ele sempre foi assim e aumentando. Aumentando tanto que morreu e nem percebeu. Ou então nem foi aumento, foi só falta de percepção minha, eu que fechei os olhos para os sinais que sempre me deram de quem eram e me fiz vítima surpresa só de mim.

O bem que vive no mal, o mal que vive no bem e a ponderação de seus pólos, o magnetismo que piora, ou melhora, simplesmente acentua cada lado.

Tinha cinco anos e estava observando alguns morangos que nasciam no jardim de casa, era abril e meu aniversário se aproximava, contemplei o céu limpo, azul e era manhã, ouvi, ou pensei, enfim, senti nos pensamentos a certeza de que "Lili, você nasceu para ser grandiosa! Fará nesse mundo qualquer coisa que ninguém fez", é... usaram futuro do presente do indicativo, bem... eu não fiz nada ainda... talvez eu nunca faça, mas essa lembrança é meu elo com o passado, quem sabe eu sempre existi, quem sabe pelo que se passa nas mentes eu nunca morra? Ora, de qualquer modo, eu lembro o que pensava naquela foto do pátio.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Recado



"Pode parecer mentira, mas por mais bizarro que pareça, 
também é a mais pura verdade.  Às vezes as verdades podem ser estranhas, é verdade" - Cerejando.

Devo dizer-lhes, meus queridos, que essa inspiração aqui não é só maquiagem, é o recorte.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Viver de mim

Eu juro que tento. Eu penso sobre a vida e já que percebo que sou obrigada a viver, que isso seja pelo menos bonito. A gente cria tantas expectativas na vida, a gente fraciona tanto os anos em grupos. De tudo que posso dizer que aprendi, por vezes concluo que não sei nada... mas observo que as situações se dividem nas expectativas que criamos e nas coisas que acontecem, o melhor mesmo é nunca esperar nada, metade de qualquer prêmio já é o dobro de nada. Essa é a forma mais pessimista a que me possibilito. E assim a gente vai se limpando de tudo que se torna desnecessário, dos alimentos vencidos, das partes saturadas, do peso sem valor.

Poeminha (in)grato

Era de você mesmo que não está aqui que eu estava precisando.
Obrigado você, que não sabe,
mas devo os créditos de vários textos
Você, que eu tento não querer
Que eu digo aos quatro ventos que não compartilho falta
Que não tenho desejo
Mas sonho há tantas noites
Obrigado, amor, a inspiração.
Você faz de mim um ser melhor: um pouquinho mais triste, um pouquinho mais insatisfeita, um pouquinho menos superior, um tanto mais poética.

Devo agradecer cada decepção. Cada quilo perdido, sorriso não dado e lágrima derramada.
Um beijo pra você, meu bem, um dia mando flores em agradecimento à decepção e às palavras e maturidade obrigada, obrigada.

Obrigada, principalmente, a você que não tem certeza se estou falando de você.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Lili

E quando é que vai chegar o final desta quadrilha, caro Drummond?

Carta perdida


Não tente se encontrar inteiro aqui,
encontre-se nas partes que eu recorto de você e coloco
como fossem minhas.
Não são.
São também...
se tornaram
ou sempre foram
e fluíram pela atração.
E disfarçaram-se pelo costume da não correspondência.

sábado, 20 de abril de 2013

Eu, eu mesma e mais alguém.


Meu quarto é realmente sempre uma bagunça, eu juro que até tento manter a ordem, mas depois vai chegando um ponto que eu desisto mesmo, às vezes minha mãe arruma pra mim, mais às vezes ainda, para não dizer raramente, eu faço uma mega arrumação e coloco tudo no lugar, não será hoje, não foi ontem. São 6:50 da manhã, acho que meu rosto ainda está um pouco inchado, meu irmão dormiu nesse colchão no chão, ele mora com meu pai, mas tinha espaço no meu quarto, ele é pequeno, mas minha cama é de solteira.

Sim, minha cama é de solteira, mas eu já tive uma cama linda e gostosa de casal e ela era de molas... mas, um dia, resolvi trocar meu quarto inteiro, redesenhá-lo e nessa nova organização, eu quis uma cama para dormir sozinha, dei a grande para a mamis e assumi minha nova forma.

Então agora eu era uma solteira com cama de solteira e isso me tornou um tanto quanto mais solteira. Mas essa vida sem ninguém pra chamar de meu me mostrou um mundo que eu não conhecia e aos poucos me reorganizou também. Existem traços do solteiro que se deve apreender:

O solteiro é livre, o que ele fará do dia e dos planos dele são projetos dele, o solteiro sorri sempre e para todos, não sente ciúmes, ou no mínimo precisa controlá-lo até o ponto que aquilo não transpareça ciúmes e daí se acostumar tanto que aquilo nem exista mais. A solteira não pode se deixar levar por picuinhas, tem sempre um kit de maquiagem completo na bolsa, está sempre bem arrumada e sempre procura se enturmar, porém se estiver mal arrumada problema é dela, ninguém para reclamar nada... Solteiros são mais espontâneos, não tem ninguém controlando sua personalidade, suas vontades e estão sempre prontos pra próxima. O solteiro tem amigos, muitos, que, sim, somem em momentos importantes, mas quando aparecem trazem consigo muita alegria, muitas histórias... o solteiro tem histórias.

Mas eu acho que de tudo que a vida solteira ganha é a de ensinar-nos a convivermos com a nossa presença. Nem sempre tem um amigo, um evento, disposição ou dinheiro, nessa hora é que a gente surta. O solteiro não gosta de ficar em casa pensando tudo que ele poderia viver e pior ainda, tudo que ele viveu em tal época ou poderia estar vivendo se Fulano não tivesse sei lá. Nesse momento é que o solteiro mais ganha, nesse momento ele balanceia e percebe tudo que aprendeu com o tempo.

E aí a gente aprende, talvez por causa de uma amiga que apareceu num bar e nos falou algo que só iremos refletir depois, que nossa vida é como se fosse nosso corpo, mas com um buraco no meio. Não adianta tentar entupi-lo seja lá com o que for, você até pode tentar tampá-lo, escondê-lo de você mesmo com namoros, religião, livros, amigos, eventos, trabalho, família, mas aconteça o que acontecer, o buraco está lá, entupido porém buraco. Então você é obrigado a se dar conta de sua presença e a conviver com ela.

Por mais que no início pareça ruim fazer as coisas sozinha, com o tempo se torna opção, eu adoro ver o pôr do sol com meus amigos, mas eu também adoro fazer isso só. E é claro que tem gente que já nasceu sabendo tudo isso, sem dificuldade e faz isso com alguém, eu sou daquelas pessoas que precisa que a vida mostre. E é claro que todo mundo quer alguém pra chamar de seu, mas isso não é fundamental, essencial é descobrir a pessoa maravilhosa que podemos ser para nós mesmos, antes de sermos para qualquer pessoa. Terminar relacionamentos é dos fatos mais abençoados, eles nos dão a oportunidade do aprendizado e do amadurecimento, queiramos nós, percebermos isto. 

Talvez nossa grande missão neste mundo seja aprendermos a conviver com a nossa presença, tem gente que não se aguenta, precisa do outro sempre, não se segura sozinho por dois meses e deixa de absorver a vida encantadora que vive em si. Tem gente que vê as pessoas dizendo que vivem com muito amor alheio e quer demais que essa magia misteriosa aconteça pra ela também, também quer posts no facebook, fotos apaixonadas, status atualizados, sexo com amor, eu queria muito comer um sucrilhos agora cedo.

Nada melhor que conhecer uma pessoa linda, inteligente, com os mesmos gostos musicais ou de leitura que os nossos e que por um milagre da vida está no mesmo tempo que a gente, essa pessoa linda pode ser eu mesma, e pela primeira vez na minha existência eu posso me dar conta dos meus detalhes, da minha personalidade, das minhas vontades e se depois aparecer mais alguém que também queira admirar tudo que eu pude perceber aqui e que também seja de se admirar, legal, vamos lá, todos juntos, eu, eu mesma e mais alguém.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Três fatos meus sobre paixão.


Não é que nunca me apaixono. É que lá no fundo, guardo o segredo irrevelável da paixão que sinto por qualquer sujeito que me aparece, me arrebata e eu, colada que me coloco, não conto, não faço, não progrido, porque não penso que compense alí. O princípio da vacina, te injetam um tanto de doença que seu corpo consegue reconhecer e não que você nunca padecerá desse mal, é que ele vive em pequenas quantidades dentro de você. Quero o irremediável.

Sou uma pessoa apaixonada, apaixono-me cotidianamente pela imagem refletida de mim no outro e, assim, vou confundindo-me pelos meus dias, por minha causa.

Acho que em grandes espaços temporais, sempre estive envolvida num grande conflito interno.

domingo, 14 de abril de 2013

A qualidade das pessoas encantadoras.



A qualidade das pessoas encantadoras
ou
A qualidade de ser encantador

ou
Sobre os seres que encantam

Ela sabe. Finge não perceber que está sendo analisada, de alguma forma se pertencem, levanta a vista, fixa o olhar, quebra a cabeça para o lado e sorri, como se dissesse: "Oi, meu bem, eu sei que você está me observando". Se olham por alguns poucos segundos gostosos, até que se desviem novamente. A qualidade das pessoas encantadoras.

Sempre preferi as pessoas encantadoras às bonitas. As pessoas encantadoras falam com o corpo, movimentam-se na exata sincronia de suas vozes e assuntos, tons e olhares, dominam o ritmo.

Elas circulam por aí fazendo uso, sem intervenção de leis, dos poderes da magia, vivem nos nossos círculos sociais e não se enganem, são nossos amigos, familiares, namoros... mas não é todo amigo, todo familiar, todo namoro. Eu, por exemplo, tenho muitos desconhecidos encantadores, muitos amigos e familiares encantadores, professores, mas tive apenas um namorado que me arrastou pelo encantamento. A pessoa mais encantadora que conheci foi uma amiga. Encantamento é a propriedade do ser, não do gênero.

As pessoas encantadoras tem corpo e parecem conhecer cada ponto de seus membros. Elas tem mãos que giram no ar e ombros que caem de acordo com seus interesses. Mais do que seres belos, seres charmosos.

Ser encantador é praticamente um ofício bruxo, um talento: o dom de encantar, de deturpar a visão além dos padrões físicos, é a beleza abstrata.

As pessoas encantadoras balançam a cabeça enquanto falam e tenha sorte que não mexam em seus cabelos. Elas olham profundamente em nossos olhos, mas escapam de nosso olhar antes que as enxerguemos. Existe qualquer cinismo meigo em suas bocas.

Não é que estes seres metafísicos, manipuladores de sensações, façam (sempre) de propósito, mas eles tem consciência de seu domínio e abusam dele em nós, pobres mortais enfeitiçados.

Qualquer sorriso completamente particular, quaisquer olhos semi-cerrados, algum cheiro alcoólico no perfume, alguma essência embriagante.

A pessoa encantadora é doce, é ternura ativa, nós dizemos: "cativantes", ela não diz tudo. Sempre falam muito não importa sobre que assunto, é envolvente. Mas sabemos, falta alguma parte colocada lá naquela caixinha de segredos informais guardados a trinta chaves que são suas mentes. Nós achamos que elas nos querem, elas...? Elas são ambíguas.

Tenha Deus a bondade de nos apresentar pessoas encantadoras e piedade de nossos corações vulneráveis aos efeitos delas.

terça-feira, 9 de abril de 2013

As coisas que aprendi com o tempo - Minhas não-rugas.


O tempo me ensinou o que os livros me contaram, mas com a propriedade da aplicação.

O tempo me ensinou que a vivência ultrapassa a teoria.

O tempo me ensinou a não perder tempo.

O tempo me ensinou que envelhecer não é perder tempo e me ensinou também que a vida sem lei, sim, é perda de tempo,  que as regras tem de ser seguidas...

O tempo me explicou que é verdade a máxima de que quando ficamos muito fora, não estamos querendo mesmo olhar pra dentro.

O tempo me comprovou que Freud explica.

O tempo passou e me mostrou que quanto mais calma estive, mais construção trabalhei.

O tempo me ensinou a acrescentar na vida das pessoas e, mais tarde, a acrescentar primeiro na minha.

O tempo me ensinou que acrescentar necessita equilíbrio. Também me ensinou que há muita gente desequilibrada por aí procurando equilíbrio alheio pra se balancear. Como não se desequilibrar então?

O tempo me ensinou que equilíbrio é um exercício contínuo.

O tempo me comprovou na pele que o tempo passa, que as pessoas passam, que a vida passa... o tempo obrigou-me a entender que o tempo é um ciclo mutável e que a única coisa que não muda com ele é que ele sempre muda.

O tempo ensinou-me a ensinar. Ensinou-me que crianças gostam de ser tratadas com a seriedade dos adultos e que adultos gostam de ser tratados com a mesma compreensão que concedemos às crianças.

O tempo me ensinou que a vida é uma passagem, que tudo passa e que isso também pode ser uma dádiva.

O tempo ensinou-me a apostar nas pessoas, a acreditar no que ainda não existe, no que nunca foi visto, a quebrar as regras, a relevar os erros e a esquecer o passado. Ensinou-me a registrar os fatos, mas a não guardar rancor.

O tempo ensinou-me que é verdade que as pessoas são reflexo de nossa mente.

O tempo me ajudou a pensar sozinha.

O tempo me ensinou a procurar opiniões diversas.

O tempo ensinou-me a ponderar as ideias e a escolher um caminho livre de influências.

O tempo ensinou-me a não roubar no truco e a não acreditar em quem pensa no proveito que tira das situações antes de agir.

O tempo me ensinou a acreditar na bondade do desconhecido, na sorte do destino, na seriedade do planejamento.

O tempo me secou um pouquinho e ao mesmo tempo pediu que mantivesse a crença na docilidade.

O tempo me ensinou que sempre há tempo.

O tempo me ensinou a queimar as pontes que atravessei.

O tempo me ensinou a importância do amor.

O tempo me ensinou a abençoar todo o próximo e a ter pena de quem apoia o desastre ao invés de aconselhar: "Resolva".

O tempo ensinou-me a rezar. Ensinou-me a não chorar tanto e a sorrir mais.

O tempo ensinou-me a conviver com a decepção e a não deixar de acreditar.

O tempo me ensinou a diferença das histórias que contam e a dos fatos que acontecem. O tempo ensinou-me a não dar tanta credibilidade às narrativas em 1ª pessoa.

O tempo ensinou-me a ser ambígua. Muito creio e muito desconfio.

O tempo me ensinou a meditar nas horas de turbulência e calmaria. O tempo me ensinou que harmonia é mais importante que alegria.

O tempo ensinou-me que quem muito se ausenta continua fazendo falta, a gente é que se acostuma com a falta.

O tempo me ensinou que eu gosto de batom vermelho, mas que eu fico melhor de rosa.

O tempo me ensinou que ninguém morre por causas naturais de amor. O tempo me ensinou que amor faz viver e que a busca do mundo é a de reconhecê-lo nas situações, nas matérias, nas pessoas... e se esquecem que amor é o reconhecimento de si na imagem do próximo. Amor é se enxergar como é e se amar no espelho que é a alma de todo outro.

O tempo vem me ensinando a conviver comigo.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Dicas da Vovó Naná.


Receita para uma boa mousse de maracujá:

Suco de maracujá (Bater e coar 4 frutas, pra ficar bom, nada de Manguari)
2 latas de leite condensado
1 lata de creme de leite sem soro

Modo de preparo: Bata tudo no liquidificador, despeje numa vasilha qualquer, gele.

Receita para um vida simples: Não viva. Viver é complexo mesmo, ninguém disse que seria fácil, mas pode, sim, ser mais doce, a permissão é sua. Já diz o samba: "É melhor ser alegre que ser triste".

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Olhos de cigana oblíqua, mas não dissimulada.


Acho que me apaixonei. Acho que de repente me dei conta que estou perdidamente desconcertada com qualquer pessoa que nasceu em mim. E ela, que sempre esteve lá, que mal sabia eu, sempre se escondeu em mim, resolveu aparecer primeiro em alguns traços... sim, é assim que esses seres encantadores chegam. Enfeitiçando aos poucos. E ele me convenceu de que eu deveria deixá-lo sair, que eu deveria cortar o cabelo, navegar por lugares nunca antes navegados, fazer mais duas tatuagens... e eu, que finjo fazer poesia, amei o poema que queria nascer em mim. Li meu esboço de mim. E nem é que tenha gostado sempre e de cara, é que a força das situações e o fraco da minha vontade me impeliram a ser eu, e fui sendo, gostei de mim como se gosta de uma pinta no rosto, mais por obrigação que por charme. Gostei porque minha opção era gostar. Existi porque os planos que tracei não foram suficientes. Amei porque nasci para amar. Deixei porque era melhor deixar.

Na vida não dá mesmo para sempre acertar. Tem gente que não é qualquer personagem. Eu acho que na minha história eu não sou protagonista. Sou uma daquelas coadjuvantes humanizadas, cheias de ambiguidades, que roubam a cena, mas não são personagens centrais. Ou então minha narrativa não é novela, é só um conto de pessoas que são pessoas.

Hoje eu tento enxergar nas linhas que não existem no meu rosto, os traços do meu passado. Tento encontrar nas rugas que não me marcaram, o ser que viveu aqui e que foi embora há tanto tempo. Sempre fui eu, sempre estive aqui e somente agora sei que sempre soube. É complicado descobrir-se profundo. Mas é  necessário arriscar conviver com o prazer e a culpa de ser você, para ser você. 

Eu poderia só escrever: "Sou ora mocinha, ora vilã". Não sou. Eu sou isso aqui porque foi o melhor caminho que eu pude pegar até o momento, existe um conceito budista (sempre há um conceito budista que não sabemos realmente se são, mas que assumimos por catarse) de que nunca poderíamos tomar uma decisão melhor do que a que tomamos, porque se não a teríamos tomado. Se neste momento esta sou eu, com a carga de vida que tenho e que tento sempre corrigir, é porque esta foi a única opção que tive ao escolher. Boa ou má escolha, a carga é minha e gozo arcá-la.