sábado, 13 de setembro de 2014

Chá de fita.


Eu não sei se o certo é dizer que sou louca,
 ou falar que compreendi
e aceitei
o fato de que sou louca.
A questão é
que assumo:
Definitivamente
sou
louca...
 ou enlouqueci.
Um enlouquecimento sem retorno.
Sinto muito.
Sinto me
muito, mais
verdadeira agora.
Retomei a realidade natural.

Não, eu não fiquei mais bonita,

eu fiquei mais eu.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

2014 – Sobre foras.


Eu ia deixar pra escrever este texto depois que eu começasse a namorar... Porque, no caso deste aqui, namorar seria um respaldo para minha teoria e, mais, seria aquele suspiro final, que o autor dá uma esperancinha pro coração da gente, uma moralzinha, do tipo: Calma! Você vai se dar muito mal, mas no fim vai encontrar alguém legal... Bem, sinto dizer: Acho que no final, vai ser só fim mesmo, pelo menos pra este texto aqui.

Outra ressalva necessária para esta leitura é: Às vezes alguém compartilha os textos da Cereja e me intriga alguns comentários do tipo “Quem essa moça pensa que é”, então, neste discurso de autoridade de nossa sociedade meritocrata, gostaria de execrar meu vasto curriculum lattes de autoridade superior que sou phD, a arte do fora:

1989 – 2000: Gostei de 300 meninos que não gostavam de mim porque meu pai mandava cortar meu cabelo chanel, enquanto todas as minhas coleguinhas tinham o cabelo arrastando na quadra da escola (Sim, ele usou uma ótima tática). Isso era muito chato quando todo mundo ganhava ursinho e chocolate secreto no dia dos namorados, menos eu.

2001: O primeiro fora a gente nunca esquece. Eu nunca tinha nem beijado na boca e com 11 anos me convenceram a pedir pra ficar com um menino de Brasília, eu estava presa num encontro de igreja, ele me deu um “Não” até educado “É que eu já estou ficando com outra”, ele tinha 12 e eu tive que encará-lo durante mais 3 dias, massa demais! Há boatos hoje que ele virou um travesti (Juro!).

Ocorre que depois dessa eu decidi que nunca mais tomaria iniciativa com ninguém e assim o fiz, acabou o texto. Mentira! Porque o fora ele não precisa ser verbalizado, o fora não é só a negativa que você recebe pela fala da boca que você quer que te beije, o fora também vem implícito, ele é a recusa, pode ser a simples não correspondência e ele dá uns tapinhas no nosso ego ferido.

2002: O primeiro beijo. Pode até ter gente que diz que não lembra essas coisas... Eu não vou dizer na cara desse pessoal que eles são uns mentirosos, mas... sei não, hein!? Eu tinha 13 anos, fui a uma festa e tinha um menino lá que queria me pegar, uma menina que havia estudado comigo chegou em mim pra ele, ele não era lá essas coisas, tinha um cabelinho de cuia loiro e eu achei isso meio brega, mas vá, vamos acabar com isso logo. Fui lá na árvore, o beijei e saí. Cheguei em casa, bochechei bastante Coca-Cola (Porque, se desentope até a pia, ia tirar aquela saliva nojenta, daquela língua grossa e aqueles dentes cheios de aparelho dele), espremi metade do Colgate na boca (Mentira, era Collinus), escovei os dentes por 10 minutos pra esquecer aquilo tudo, não adiantou e eu tive a séria impressão que o cheiro dele tinha impregnado em mim.

2003: Acho que nessa época meu cabelo cresceu, eu tinha dado uns beijinhos, abri a porteira pra olharem pra mim e meus seios eram maiores que o das meninas das minhas turmas, isso era um ponto a mais, na verdade dois pontos a mais: OO.

2004: O primeiro namoradinho. Terminou comigo 7 meses depois, eu achei que ia morrer, o mundo tinha acabado, a vida não fazia sentido, acho que vou lá pista de gelo do Shopping andar de patins, nossa que cara gatinho, vou pegar ele, vou olhar até ele vir falar comigo, oi tudo bem, prazer, ficamos alguns dias, descobri que ele fumava maconha, achei muito pesado pra mim, parei de atender o celular, naquela época as pessoas se ligavam, o encontrei um dia no shopping: “Sumiu, uai!”... “Pois é... o tempo tá corrido”... “Mas estamos de férias”... “É... pois é... Falou, valeu”.

Acho necessário contar aqui que esse foi o momento em que comecei a dar fora ao invés de levar, mas antes quando eu fazia a 5ª série, um garoto chamado Adriano subiu na carteira da sala e gritou que estava apaixonado por mim, eu me escondi dentro da lixeira e fiz um vudu pra ele morrer, mas não deu certo. Também houve alguns casos recortados, como o de um outro menino que quis namorar comigo depois que a gente deu uns beijinhos... Aí eu entro no caso da situação:

A situação é o que faz a gente ficar a fim de alguém, mais do que a própria pessoa. Tanto que as vezes a gente convive anos com alguém e não se toca que essa é a pessoa da nossa vida, aí uma situação qualquer se forma e faz a gente perceber que tem magia alí. Esse garoto eu beijei dentro da sala de aula, levei advertência por causa dele, aí brochei. Ainda mais que na minha cabeça, ficar era só uma vez. Depois que eu fui entender a dinâmica da coisa e também eu não queria namorar com 13 anos, não com ele.

2005 – 2009: Moço! Tive um namoro tão longo que quase casei. Começou a conversa de financiamento de casa na Caixa, e eu não sei porque, esse programa “Minha casa, minha vida”, chega me arrepia os pêlos de repulsa... aí eu comecei a pensar em terminar, terminei e eu não sabia fazer isso, fiz da forma mais grosseira possível pra ver se ele entendia que tinha que sair da minha vida. Coisa de gente imatura. A gente aprende mais tarde a respeitar os sentimentos alheios. Aliás sobre sentimentos alheios:

Hoje entendo que quando alguém se interessa pela gente, claro que existe a situação construída, mas tem uma parte disso que é completamente culpa nossa, a gente que se constrói interessante e seduz espontaneamente o outro. Não há necessidade de correspondência, mas sempre há a necessidade de respeito ao próximo, principalmente a esse próximo que percebeu algum tipo de beleza em nós, desde que ele também faça isso com respeito, caso contrário, mão verbal na cara.

2009 – 2011: Apaixonei por um menino de outro estado. Descobri que namoro a distância não existe.

2012 – ad infinitum: O mundo acabou e acho que na cota foi qualquer possível namorado, aí então resolvi passar o rodo na comunidade gayânia. Depois arrumei uns rolinhos vários e no final tudo sempre mirra, por mim ou pelo outro.

2014: Eu nunca passei um ano em que me envolvi tanto com quem fiquei. E foi um de cada vez e muito. Tenho amigas (e mil amigos) que ficam com várias pessoas numa cadeia alimentar de importância que vai da mera comidinha a quem eu largo tudo pra ficar (E normalmente esse alguém o coloca como mera comidinha), mas eu não dou conta de fazer isso. E o meu não dar conta beira o patamar de nem tentar, não me interessa fragmentar meus sentimentos, misturar os gostos. E isso pode durar uma semana, um mês, meses ou anos. Mas 2014 foi o ano em que comecei trocentos romancezinhos que miaram, por mim, ou pelo outro e todos ótimos, só que sem nenhum grand finale, tudo na base do esfriando.

Posso fazer uma analogia da forma como como no prato: Eu coloco o arroz separado, o feijão separado e cada mistura (é assim que a minha mãe chama) numa posição separada, aí saboreio cada um, sentindo o gosto individual, até terminar o prato. Eu nunca gostei de pegar o garfo e dar aquela batida na comida toda, é assim que eu faço na vida: Quando fico com alguém fico só com ele, saboreando, mesmo que aquele mexido na panela seja uma delícia (mas não quero entrar agora na pauta de suruba), porém acho que tô mastigando demais, saboreando demais, a comida gela e eu não gosto de comida fria.

Daí que 2014 foi o ano dos foras. Inclusive, quero deixar claro aqui: Estou cansada de dar e levar foras. Que dinamicazinha chata, gente! E todas elas acabam com meu ego. Porque numa eu fico me sentido uma titica de galinha e no outro eu fico me sentindo uma sem noção. Esta parte deste texto (Que eu sei, está muito grande, já vou finalizar), vou dividir em duas.

Sobre foras I – Dar fora: Quando você é adolescente e começa a ir pra balada, é muito legal dar fora, isso eleva a autoestima. Até depois de adulto, quando a gente vai pra balada e não dá nenhum fora, volta meio triste, se sentindo feio, certo!? Errado! Eu passei a tratar com a maior educação quem chega em mim em qualquer lugar, porque a pessoa já tomou toda a coragem de dar a cara a tapa e ainda vou eu, somente pelo fato de o outro ver encanto em mim, ser rude? Non, non, non. E existe toda uma postura que se adota, mesmo na balada. As pessoas sabem quando você está praquilo ou não, então a coisa mais normal que existe é ninguém chegar em você, oras! Ser/estar feia é um caso preocupante se isso acontecer em frente a uma obra, somente!

Existe um caso complicado: Quando você já explicou pra pessoa que não rola, quando você já deu indícios disso e a encrenca continua te chamando e insistindo pra sair. Aí você sai, não pra ficar, mas pela insistência e como já, inclusive, deu todos os indícios de que “Desculpa, mas hoje é não”, você vai, aí dá o fora dos foras e fica se sentindo uma sem noção. Cara! Sinceramente! Vai tomar no cu você que me expõe a este tipo de situação! Vai tomar no cu duas vezes você que depois ainda sai falando que eu fiz cu-doce, desculpa aí! Você que é burro!

E existe uma situação meio-termo que é a mais recorrente de todas: O cara do demorou cair a ficha. A menina é a mais bonitinha, é engraçada, bebe com o cara se ele bebe, fuma com o cara se ele fuma, vê filme legal, conversa coisas interessantes, tudo isso ela faz só porque gosta também, ou seja, ela é espontaneamente phoda. Fica disponível pra ele, mas também tem seu tempo individual pra fazer as suas coisas particulares e o filho de mãe só esnoba.

Aí você desiste, “Chega!”, segue a vida, conhece outras pessoas, finalmente se desvincula do outro, enterra a esperança, parte pro próximo, supera. E o cara larga o alcoolismo, muda da casa do pai, separa da esposa, compra um carro e começa a te chamar pra sair no whatsapp, facebook, e-mail, a bater na sua casa, A TE TELEFONAR! A curtir suas fotos, perguntar sobre você. Véi! Qual o problema dessa gente que espera a onda passar? Esse é o que eu chamo de fora torto. Isso é o que me faz pensar: Fui espontânea demais e o mundo não sabe lidar com isso, as pessoas gostam de gente que faz joguinho de atenção. Eu não sou essa parte da população. Maaaas... você simplesmente não vai encontrar ninguém que assuma que faz isso, pelo contrário, todo mundo está aí se perguntando: Onde estão as pessoas normais? Enfim, o cara passa a ser espontâneo e isto teria sido super legal há um mês atrás. Este fora eu não vou dizer que é de todo ruim dar, porque é quase uma revanche, mas dá uma sensação de “Até quando, SEM OR!?”.

E essa sensação de fracasso do fora torto é meramente por uma coisa, o fora quem levou primeiro foi você, dessa mesma pessoa que você agora está recusando. E esse fora que você levou primeiro é o pior de todos:

Sobre levar fora II: 1) O esquecimento: Esse é o tipo de fora que eu tenho mais raiva, o que mais me faz sentir que sou um cocô. Porque você conversa com a pessoa todo dia, sai com ela toda semana, pensa nela, ouve música lembrando algumas coisas... pra no final das contas, ele sumir. Não mandar mais nada e quando você manda alguma coisa, dar aquelas respostinhas michas, um hahaha aqui um uhum acolá. Eles vão fazendo tanto isso que você vai se irritando. Aí começa a dar bolo e insinuar de todos os modos indiretos e sem explicação direta pra você que não rola mais. Quando isso acontece a primeira vez, você demora sacar, mas o próximo “Uhm” vira a sirene de uma ambulância de “VAZA!”. Aí eu aprendi a vazar, mas eu vazo me sentindo uma titica de galinha que precisa entender sozinha o que aconteceu, mesmo que seja só: “Já te comi o suficiente” e ele nunca mais manda nada, te encontra na rua e sorri amarelo, maldito!

2) O direto: Oi, Lilian, eu sei que por whatsapp não é o melhor jeito, mas a gente começou por aqui, acho que dá pra terminar por aqui. Na verdade acho que não rola a gente ficar mais... tô sem tempo pra me dedicar a alguém e ainda gosto da minha ex, você é massa, mas acho que agora não é o momento pra me envolver e vamos convir que você bebe demais, eu gosto mesmo é de cocaína. Boa sorte aí. – PERFEITO! Ele até foi sincero, mas prezou pela educação, todo o multiverso podia ser assim, melhor só se ele tivesse a coragem de falar isso na minha cara depois de pagar um japa, e claro que isso é coisa de mulher, sorry, homem não faz isso nunca.

3) O fora graças a Deus: Aquele que você não sabe como dar o fora em alguém que daria tão certo com você, não fosse a falta de química. Aquele que a gente tem certeza que é a natureza de zoeira com a nossa cara, o destino falando: “A vida é muito mais que combinação de gostos racionais, você tem que se lembrar da biologia”. Aquele que você leva em banho-maria pra ver se melhora ou aparece alguém melhor e te impulsione a dar o fora, mas aí o outro faz isso primeiro, antes que você, te tira essa carga e você até dá um abraço de “Obrigada!”.

Portanto, depois de um tempo você aprende a dar fora sem até que a pessoa perceba que você que deu, ela sai feliz pensando que ela que saiu por cima. E também para de se importar com o fato de que talvez você ganhe um toco, porque fora o risco do toco, há o risco do aceite.


Desses aí eu tive todos este ano, chutei e fui chutada. Ora, mas não só de foras se vive a vida. Sempre existe um lado positivo. O ano ainda não acabou e eu tenho a minha tese: O bom do fora, levado ou dado, é que ele sempre precede um próximo romance, que vai que é o correspondido totalmente!? Sim, eu faço a linha criança esperança, não terminei esse texto dizendo que sou graduada doctor master blaster e tenho um namorado que prova que eu tô certa, mas tô aí na atividade de pesquisa de campo.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O Pulo da Gata.


Eu sou aquela que nasceu e não sabia pra quê, mas o mundo avisou, depois que algumas pessoas já tinham percebido. Porque, às vezes, existem aqueles indivíduos ao nosso redor, que normalmente muito nos querem bem, e eles tem a capacidade da percepção, observam em nós aquilo que ainda não nos demos conta.

Quando mudei para o apartamento novo com a mãe e a irmã, o quarto que escolhi media 10 por 10. Era um quartão! Ainda tinha o guarda-roupas embutido, o que me lograva um espaço útil maior ainda. Pintei as paredes, coloquei a cama de casal, troquei a cama por uma de solteiro, uma escrivaninha, uma tinta por cima dos desenhos, duas cores diferentes para as paredes, finalizei com uma cortina preta pro sono de sábado e domingo e do final da tarde. O quarto ficou eu e eu adorava ficar naquele quarto, ele era uma extensão da minha alma bagunçada.

Ocorre que, certa manhã, quando voltei às 4 para tirar o cochilo da tarde, ele tinha diminuído meio metro quadrado. E cada dia que eu chegava, meio metro comido, aos poucos meu quarto atingiu os 4 por 4. Surpresas da vida, um dia cheguei em casa e ele era um corredor entre a escrivaninha e a cama. A escrivaninha tinha virado o balcão da cozinha.

Um domingo, depois de passar o dia na chácara, quando volto para casa, o banheiro tinha entrado dentro do quarto. Meus cremes, minhas maquiagens, meus sabonetes, shampoo e creme dental, que eu sempre escondi as marcas dentro do guarda-roupas, tinham sido engolidos, aquela minha máscara de 250 reais violeta matizadora, para desamarelar cabelos loiros, meu irmão preto e castanho tinha usado metade.

De baixo daquele telhado tudo era engolido, seis anos atrás comeram minha Nutella toda na única prateleira que sobrou no meu corredor entre o balcão da cozinha e minha cama. Daí que acabados os produtos da natura semana passada, comecei a usar o shampoo e o condicionador para cabelos cacheados da minha irmã, era o único que tinha no banheiro e deu um efeito interessante nos meus cabelos lisos. E o Koleston da minha mãe... O creme de barbear do outro irmão pra depilar as pernas mais fácil... Foda-se, eles comeram o pedaço de lasanha que eu trouxe da sobra da festa e eu tô precisando de um brinco... da Vívian.

A gente se desgasta por dentro por essas miudezas do cotidiano e abate o outro, vai ficando complicado viver junto, aí a gente aprende até a parar de reclamar a invasão, ou melhor, começa a maldizer pra dentro, aliás, com o tempo, até começa a deixar de propósito o creme dental melhor na pia e o sabonete íntimo no chuveiro, porque “vá, todo mundo merece um pouquinho de colgate branqueador” e “todas as mulheres dessa casa (que vem diminuindo progressivamente) tem direito a um sabonete refrescante pra xoxota”.

É um amor confuso, um afeto complicado. Não é mais como na infância que todo mundo usava o Neutrox que agora enfeita a janela do banheiro e eu só abro pra sentir nostalgia no nariz. Passou a fase de brigar com os meninos porque estavam queimando acetona no fundo de casa e, na real, achar uma experiência química ‘daora’. Acabaram os bombris queimados a noite e o pique - esconde no quintal, fim bolinho de lama que eu obrigava o Vini a comer. Acabou, mas o amor cresceu, só não cresceu junto o apartamento. Só não veio com os centímetros a mais (não me venha com essa piadinha velha de tamanho again) a certidão de dona da casa, quem manda aqui sou eu... E eu também não quero, não alí, alí é a casa querida da minha mamis que eu quero visitar rotineiramente.

Eu achava que não tinha crescido (na verdade eu cresci pouco mesmo cale sua boca), eu pensei que aquele apartamentão estava a diminuir diariamente. Eu acho que perceber que quem cresceu realmente foi a gente é o primeiro passo pra procurar seu próprio espaço. Só agora estou aprendendo a lidar com o rodízio do banheiro e com os o café da manhã dos namorados de final de semana da minha irmã... Ou eu nunca aprendi, mas nesse último mês, quando percebi que era fim de temporada nessa minha vida seriada, eu resolvi parar de brigar em família, relevar, porque afinal, talvez eles não saibam, não acreditem, não perceberam, eu estou me despedindo. 

É a primeira vez na vida que eu não irei compartilhar tudo que mais tenho apego com todos que eu mais amo, seja este mês ainda, ou mês que vem e isto cabe uma dose a mais de paciência. Bem... essa conclusão deveria ser para a vida toda sempre: O conceito de deixar tudo legal, porque sempre estamos partindo definitivamente.

Meu pai, minha mãe e a minha madrasta sempre souberam, muita gente soube antes que eu soubesse de mim... Eu sempre tive a necessidade de ir embora, “Um espírito livre”, a Lu disse. Eu sempre quis a minha casa, mesmo que ela tenha 35 metros quadrados, com os meus desenhos ou não na parede, a minha cama japonesa (?), o meu fogão do pregão e quem eu quiser que entre a hora que eu quiser. E veja, eu descobri que há de se abrir mão do dinheiro da balada ou dobrar a carga de trabalho pra continuar subindo, eu vou morar no terceiro andar.

Para os provincianos que não entendem que não é só casando que se sai de casa na mesma cidade, estou dizendo: Tá na hora de crescer e tomar a responsabilidade da existência, daqui a sete dias ou no próximo mês. Não dá pra morar a vida toda na casa da mamãe e não dá pra arrumar um marido só pra isso, muito menos pra semana que vem (Apesar de que eu já tenho toda uma ideia pra uma cerimônia legal), até porque eu ainda quero escolher tudo tão sozinha quanto morarei.

Tem um diálogo que eu admiro bastante e é recorrente em minha vida, no qual sou sempre uma observadora, e que eu absorvo, dizem pro meu pai:

– Sorte sua que o senhor tem uma escola, porque, se não, ia falir com esse tanto de filho!
– Eu só tenho esse colégio por causa dos meus filhos... – A resposta é sempre a mesma – Eu tinha que sustentar uma família com seis crianças e ainda pagar a escola deles. Logo, eu montei uma escola, porque assim eu podia pagar as contas e ainda me eximia das mensalidades escolares.
– Eu nunca tinha pensado por esse viés.
– Pois é... A necessidade faz o sapo pular.

Meu pai é um homem sentimental, bem... dizem que eu não sou... Ele me ensina a viver. Quem não arrisca não petisca, eu vi (vivi) isso a vida toda.