terça-feira, 28 de junho de 2011

Eu: mosaico de opiniões.


Dias gelados me deixam ainda mais sonolenta. As vezes imagino que nasci para dormir. Mas estes dois últimos raros dias em Goiânia, dias de fumacinha saindo pela boca, edredom aconchegante, cama feiticeira, travesseiro afundador não foram aproveitados nas tardes frias que tivemos aqui no oeste, estive pintando paredes ao redor de uma piscina com 35 crianças, digo, pré-adolescentes.

Em resumo, resumimos em desenhos grafitados na parede da escola o livro "O menino do dedo verde" e pude neste tempo meditativo de pincel que desce e sobe, vai e volta, preenche e borra, decidir que não mais perderei tempo com partes que não me preenchem, que não colorem minha alma.

Busquei a vivência e a confirmação de que os valores valiosos eram os que eu seguia e para isso precisei abandonar o caminho que sempre andei. Daí que vivo o paradoxo de acreditar no trecho dos Engenheiros: "Mas a dúvida é o preço da pureza e é inútil ter certeza"... Só crê na verdade destas palavras quem provou do desconhecido e se tornou próximo, esse verso é o conselho de um bom pai.

Então, um dia houve sim um muro branco em mim... cheio de questionamentos sobre os bons motivos da vida... aqui raciocinando, existem tantos narradores... tantas facetas de uma pessoa só, sem bipolaridade, já disse várias vezes: sou ambígua. Eu: mosaico de opiniões. A de agora é: só gasto meu tempo com labores interessantes, para tanto a seletividade é a palavra do momento, minhas horas estão muito mais ótimas otimizadas e eu muito mais colorida.


(Apesar de tudo, me resta dizer que provei de vários lados e ambos são gostosos. Tem gente que gosta de algodão doce e tem gente que gosta de jiló! Eu adooooro os dois! - Para diluir um tanto o moralismo, sem diminuir a densidade do conselho!)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Nozes.


Vinícius de Moraes aconselhou que fosse eterno enquanto durasse. Eu acrescento que seja eterno enquanto houver saudade... Tem gente que sempre será eterna... e isto é o único fato que é presente do futuro, mesmo que estivesse no pretérito imperfeito.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Eu não quero voltar sozinho

Que para todas as pessoas o mundo seja belo assim e que todas elas sejam intelectualmente capazes (...)!

(Premiado em: Troféu Sapuari 2011, Troféu Dom Quixote, Prêmio Sindcine de Qualidade Técnica em diversas categorias!)


segunda-feira, 20 de junho de 2011

Brevemente


Se até dos números duvidamos da eternidade, é natural que questionemos a nossa.
O infinito pode pesar, 
mas deixa as coisas mais leves.


(Estive com saudades de textos curtos)

Fica



Se você estivesse comigo,
o sol estaria aqui.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Entre mentes.


Sentei-me na cama ontem a noite. Minha cama é dessas que se senta e afunda... mais parece ela um abraço. Ontem minha cama abraçou minhas pernas.

Pés sobrepostos um a cima do outro, apenas nas pontas, o corpo sentado sobre as panturrilhas, quase como uma judoca. As mãos justapostas de forma triangular a uma distância de três polegares do nariz, os joelhos dispostos a distância de dois punhos, os olhos levemente fechados, o olhar para cima e a coluna ereta. Meditei.

Algumas situações eu, confesso, evito. Evitei durante muitos dias meditar e me perguntar quem sou eu e principalmente evitei meditar em prol da minha verdadeira felicidade, mas algumas coisas são inevitáveis. A verdadeira felicidade por exemplo, tenho medo dela, mas ela vai chegar. E acreditem, isso não faz parte apenas dos sete meses que se antecederam a este texto... 

Parece estranho falar em medo da verdadeira felicidade, mas este medo existe sim, principalmente quando se está gostando do que está vivendo, mas sabe que o que está acontecendo não preenche o seu eu mais íntimo e sabe que meditar é acordar aquela raposa que existe dentro de nós adormecida e de repente quer acordar aos grunhidos mais fortes... por isso estou a mantê-la durante tanto tempo pelas costas... o paralelo é que em mim, ela está cada dia mais viva, mais colorida e não estou falando da minha tatuagem. Algo em mim quer ser cativado, mas algo em mim tem medo e muitas coisas por aqui ainda não tem valor, o trigo por exemplo para mim, não significa nada... mas...

Enfim... resumo aqui todo o significado que tem na minha vida o ato de meditar.

Meus pés, na cama quente, logo começaram uma dança de pontinhos piscantes internos, pequenas formiguinhas... choques sem força, que logo se tornam dormência e logo se tornam nada. De meditar gosto de tudo: gosto da paz, gosto dos pés formigando, gosto da tensão no braço, gosto do domínio do corpo pela mente, gosto dos pensamentos que jorram... dos pequenos ruídos que ouço e normalmente não percebo dos outros apartamentos, amo o silêncio e amo me encontrar ali quieta, pronta para conversar e ouvir o que há de vontade mais íntima aqui.

É por isso que faço o shinsokan (algo como contemplar Deus no/pelo pensamento) na forma mais original que posso. Se amo sashimi, guioza, hashis, kimonos, barcas, hot holls, sake (=P), e todo diabo a quatro que envolve a cultura japonesa... se nasci com os olhos puxadinhos numa vida goiana totalmente ocidental e amo o oriente. Se neste planalto central do Brasil, nasci numa família que segue uma religião Seicho-No-Ie, então meditar eu também gosto é em japa! Nada de cadeirinha.

Me sinto menos convicta das atitudes a tomar do que nunca, mas me sinto mais pronta do que nunca para aceitar o que é meu e espera há tanto pela palavra de ordem "Venha".

Foi por isso que hoje acordei pensando que a ideia é uma semente plantada. Vejamos a colheita!