quinta-feira, 27 de junho de 2013

Texto curto I - O problema.


A gente não pode desacreditar do amor, mesmo que nossas práticas digam o contrário. Provavelmente o erro está no praticante e não na alma do que se conhece por amor.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Caso de indivíduo.



Cada um encarna a vida a sua natureza.
Eu encarnei assim:
Me afeto, mas não me afundo.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Bom dia, Brasil. Está na hora de ir pra escola!


"Se você for assaltada, você prefere ser assaltada por quem?"
"Por um assaltante que não me estupre e deixe meus documentos".

Foi esse o diálogo que tive com meu pai na escada, nas últimas eleições, esperando na fila a hora dele votar, a metáfora perfeita sobre escolher nossos governantes, qual menos corrupto de tantos corruptíssimos?

Eu estou cansada de falar sobre esses protestos, estou farta de ter que explicar às pessoas o que penso sobre este fenômeno. Eu nem nunca gostei de conversar com gente que eu não penso que me acrescente intelectualmente... mas ora essa! Não era isso que essa classe docente sempre quis? Está cansativo, mas está do jeito que precisa ser e é obrigação discutir esse fenômeno.

Os protestos que se espalham pelas ruas são protestos sim, e daí que as pessoas sorriam? E daí que elas se esgotem em fotos para as redes sociais? Estamos todos felizes mesmo com essa levante social que aconteceu do nada, que vem completamente despreparada, que ainda não entendemos e que ocorreu pela mesma rede social. As fotos, os status, os comentários são nada mais, nada menos, que nossa resposta a essa mesma e única mídia confiável.

Eu não formei um pensamento definitivo ainda sobre tudo isso, mas eu estou gostando do que estou vendo. Estou gostando desse povo que não entende nada de política e está lá na rua paquerando (eu particularmente nem sabia que tinha tanto hétero bonito em Gayânia), estou gostando do movimento pacífico, estou gostando da marcha sem bandeira, estou gostando das bandeiras tentando ser levantadas, estou gostando das fotos no Instagram, dos posts alienados de quem está tentando entender política, estou gostando dos meus alunos com chamados nada a ver no Facebook, estou gostando do vandalismo, estou gostando dos compartilhamentos sobre manifestos em outras regiões, outros países, das instruções de como se portar, das notícias de Twitter, dos cartazes políticos, dos comediantes e dos político-comediantes.

Por favor, caros companheiros, não firam a liberdade desse nosso meio de comunicação que veio para mudar nossos parâmetros, a internet nos ajuda a ruir com esse sistema político que tira nossa dignidade!

Tô gostando de tudo isto que está acontecendo pelo simples mérito da consequência. Nosso país enlouqueceu, ficou doido de indignação, poucos sabem porque estão nas ruas, mas TODOS estão por insatisfação, está aí uma coisa que todo mundo sabe, todos estamos incomodados, mesmo que não saibamos o motivo. Seja de branco ou fazendo arruaça, seja com ou sem consciência política, seja ficando até o fim do protesto ou terminando no Mercatto, a causa é única: INSATISFAÇÃO. Nosso governo sabe disso e sabe que corre perigo, diga-se de passagem a lavagem cerebral do "movimento pacífico, POR ENQUANTO".

Nosso bixeiro preferido, Marconi Perigo, nos deu rosas, olha que bonitinho!? Todo mundo pegou, tirou foto e no outro dia choveu desgosto no Facebook: "Ele deve estar rindo da nossa cara hoje". Olha, rindo ele até pode estar, mas aposto que ele trancou o cu, igual marido que compra flores para esposa depois de ter feito merda. Que pena, a gente sabe que mulher braba mesmo não se convence.

E agora? Quem poderá nos ajudar? Para onde vamos? Como prosseguiremos? Não sei, eu particularmente estou inclinada a entrar para política e ver se pego um pedaço neste cesto de frutas, vejo se não me contamino pela maçã podre que é a corrupção e tento fazer alguma coisa pelo meu país. Também não acredito que nossa nação vai mudar nas urnas. A corrupção é um mal impregnado em nosso povo, nos contaminamos com ela, essa doença que mata nosso país, temos o governantes que representam o que somos. Talvez o único modo de resolvermos este problema seja mesmo a educação, mudarmos os hábitos de nossas crianças, darmos o exemplo como pais, professores, irmãos. Vamos mudar nosso país e primeiro nossa casa, nosso comportamento individual.

Não sei como tudo isso vai se desenrolar, eu só espero que o povo enlouqueça cada vez mais de insatisfação, que saia na rua cada vez mais louco, cada um a seu modo, que nossos governantes engulam o medo que nos incute e o absorva. Que façam assim como meus alunos o dever de casa não porque compreendem a necessidade dele ou porque seus pais lhe digam que tem que fazer, mas, sim, simplesmente porque ficarão sem recreio e terão que copiar no caderno de caligrafia quarenta vezes: "Sou um aluno responsável, inteligente, estudioso e faço todas as minhas tarefas". Vamos ver até onde essa geração Coca-Cola vai sopitar.

Quarta-feira estou em Brasília, espero todos vocês lá, irmãos de TODA minha pátria.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Seu Madruga já dizia.


E o tanto que meu bolso, minha mente e minha dignidade foram saqueados? 
Ninguém vai comentar no jornal?

Um alarme toca na cidade, em dez minutos está lá a polícia pronta para policiar. 

Uma cidade está em alerta, a cidade começa a ser depredada, roubada, destruída, a polícia disse que não interviria nos protestos explodidos pelo país e então não aparece dez minutos depois, não aparece uma hora depois, aparece no final da noite, com o mal-feito feito.

Eu me lembro de um professor de matemática que largou a turma, se demitiu e foi embora, ele falava assim: "Quero ver eles se virarem sem mim, não sabem tudo? Que se arrumem sozinhos!"... Adulto também dá birra, quando é que essas pessoas policiais se esqueceram que também são pessoas povo?

Isso de não aparecer na hora que se tem por obrigação agir, de não acompanhar para PROTEGER, pra mim chama vingança. Tiraram as arminhas de brinquedo, as bombinhas de traque e as crianças não querem mais brincar.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Filtro.

"Só o Ratinho para falar a verdade em rede nacional" - Só o dinheiro, a audiência e os interesses particulares para que a verdade que querem que seja declarada em rede nacional seja declarada. A luta do ser humano deve ser a de não ser massa de manobra. Até que ponto somos efetivos, se é que seremos? O voto muda o que, se eu tenho que escolher o menos corrupto de cinco corruptíssimos? Até onde o meu pensamento está independente e as minhas vontades (que eu penso serem minhas) não são objetos de manipulação?

Classe média abstrata.


Sempre estive capiciosa sobre o problema de deixar-se cativar.

O problema da raiz, o problema da dor.

Sou muito dona de terras para aceitar êxodo com desprendimento.

E sofrimento a gente sente, só, no coração. 

Mas sofre do coração quem não tem problemas concretos, nem soluções efetivas. Um pouquinho de miséria e aristocracia, por favor.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Uma pessoa só.


Olhe-a, ela que flutua enquanto remexe cada uma de suas costelas e diversas tatuagens. Ela que fala e pensa nela e no mundo, ela que se ama mais por recado que pelo próprio narcismo. Observe-a, ela que balança seus finos fios cor de mel e move seus olhos de baixo pra cima e às vezes de lado, dizem que seu gosto é doce. Esse ser que você observa é cada expressão exterior do que ela mesma é interiormente e consegue refletir em ti de ti... mas não se engane! Apesar de espontâneo, é proposital. Essa criatura questiona todos os dias enquanto flutua pelos lugares cadê tudo que ela merece.

E seus lábios vermelhos fazem biquinho quando fala e suas sobrancelhas ora ou outra arqueiam, ela é translúcida, apesar de meio desvairada também. É apavorada pela vida e pela morte, tem pela vontade de morrer a mesma de viver, morre de vontade de viver e vive de vontade de morrer. Mas veja! Não é heresia, é só curiosidade pelo desconhecido.

Vai dançando, assim pequena, nesse mundo de poeiras cósmicas e vez ou outra deserta de galáxias. Ela está quase pronta, ela acha.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

É necessário ter rugas



Você precisa morrer para entender na vida as coisas que entendi. 


Houve uma conversa entre amigos que eu não estava, mas que a Ana comentou comigo. Era sobre o fato dessas pessoas que conhecemos num dado momento, depois de algum tempo mudarem tanto que a impressão mais filosófica a que chegamos é a de que morreram: morreram no jeito, na aparência, na voz, na cultura, morreram, às vezes cedo demais e isto é doloroso... tanto para elas, quanto para nós, ambos em algum tempo nos perguntamos aonde foi, ora bolas, que nos perdemos, quando foi que nos enterramos?

E neste meu diálogo com a Ana, a conversa era sobre o tipo de morte em que o indivíduo ainda vive, o que prova a existência de qualquer existência que não mais reconhecemos é o corpo, os traços que sobraram, alguma luz nos olhos. E falávamos de uma outra amiga que morreu, mas a Ana relembrou o comentário da Vívian sobre esta conversa em que eu não estava presente, a Vívian é minha irmã:

- Eu acredito em qualquer essência que está alí, a essência que nos fez amá-la pela primeira vez e talvez só falte o convívio para enxergarmos qualquer resquício de vida primitiva... exemplo disso é a Lílian, veja como ela é completamente diferente desde que a conhecemos.

E terminou assim a Ana: "Lili, você é uma dessas pessoas que morreram". Bem... eu já sabia que tinha morrido, eu só não sabia que o mundo também já tinha lido o obituário.