terça-feira, 23 de novembro de 2010

Testamento



Hoje havia no livro de português dos meus alunos a proposta de escrever um testamento, resolvi, então, sentar e escrever o meu junto deles. Na verdade, no início ele ficaram chocados com o exercício, pois, "Professora! Ninguém aqui quer morrer não!" e tive de explicar que não era uma carta de suicídio e sim de "o que você deixará de valioso para quem ficar aqui, quando você morrer".

Testamento

Hoje, sendo eu a pessoa que me construí e que os outros construíram, com o que experiencio, com o que sinto, aprazeio, sofro, vejo, quero, rio, percebo e envelheço, deixo, para cada um que faz parte de mim, uma parte de mim.

Deixo à vocês o prazer de ensinar, a paz - por mais tumultuada - de viver entre alunos. Entrego-lhes e levo comigo também de bom grado todo o amor que consumo e me consome, todo este amor que me é dado, outrora arrancado, talvez adormecido, acordado e reacordado, mas sempre estimulado, enfim, o amor que dedico e o que recebo.

Apresento-lhes, para que não pequem pelo desconhecimento, a responsabilidade. Não aquela das horas, dos dias, dos eventos, das contas... a responsabilidade dos compromissos com os seres, da paciência com o outro. Presenteio-lhes com a coragem de tomar decisões ou de voltar atrás nas precipitações.

E mais do que tudo, deixo o perdão, porque quem perdoa, mesmo o desconhecido, ama.

Dos bens materiais, tão medíocres, deixo todos à quem quiser... a cama bem e mal dormida, o computador quebrado, os livros lidos, dedicados, os desenhos. Dos desenhos, deixo a inspiração, da dor a maturidade e dos risos o prazer. A prazer, completude, maior que ser feliz? Por isso, divido com vocês toda a felicidade que senti nessa vida tão feliz. E a saudade também, sempre senti saudade: do tempo, das pessoas, dos dias.

A herança que deixo é a da experiência.

E para os filhos que ainda não tive, os homens que ainda não casei, o irmão que não conheci, os amigos que não cativei, deixo a vontade de tê-los tido em mim.

E para que nunca se esqueçam de mim, sem explicações de sentimentos que não sei definir, enriqueço-os com minhas lembranças tão bem cuidadas e retidas. E posso afirmar, já que depois de mortos temos toda razão, que o segredo da raposa é verdadeiro "O essencial é invisível aos olhos" - "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".

Acima de tudo,
sempre com amor àqueles que me conhecem por

Lili.


Obs.: Escrevo também, para que não se esqueçam da importância da poesia, um poema:

Mim

Não sou eu uma forma geométrica 
qual posso descrever aos mínimos detalhes
sem mutações.

Formo-me assim todos os dias, 
nas experiências que tenho,
no que exijo de mim e no que me afeta.

O importante é que seja eu o que for ou passo, sou feliz.






segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Disse, chorei, gritei, escrevi, beijei, dei: conclui.




Coisas que eu diria se fôssemos tão emancipados quanto pensamos que podemos ser:

Diria pra Vivi que a amo e que é estranho não conviver com uma parte de mim longe de mim... se ela estivesse aqui.

Choraria pro Vinição como um melhor amigo irmão faz a diferença nos momentos felizes e tristes... se ele aparecesse mais no Skype.

Gritaria pro mundo que eu não sei o que fazer do meu mundo... se isso fizesse diferença para resolver os problemas.

Escreveria uma dedicatória pra Ana: À minha querida amiga Ana Pica Fogo, por ter criado em mim um gosto tão maravilhoso pela escola que mesmo quando eu saísse dela, fosse para que voltasse e fizesse melhor. - Seria assim, juro!! Se eu fosse apresentar meu TCC!

Beijaria o Vitinho e diria que ele é lindo e que ele tenha calma... poderia fazê-lo agora, se a calma não precisasse de tempo.

Daria a maioridade para o Vinicinho, para que ele pudesse me acompanhar mais... se a maioridade viesse somente com os documentos e não com a alma.

E às lembranças, aos planos e às pessoas que não entraram nesse pacotinho de hipóteses derretidas, diria que estamos, felizmente, no nosso tempo.

Finalmente, concluiria que, não fosse a fatura que temos que pagar à vida, somos livres sim

...e (tomara que tenham percebido) contraditórios também!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

PARArePARA: PARArePARA

Que ideia linda! Parabéns!! Esse é o TCC mais Ana Paula que vc poderia fazer, a não ser que envolvesse roxo ou meias! Bjos!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Do lado de dentro


                                                                  "Isto não é um chapéu."


– ... E, garota, quem te disse que é fácil fazer a coisa certa?
– Não... eu sei... é óbvio que não é fácil... mas é que é tão difícil fazer uma coisa, quando a vontade que se tem é a de enfiar a mão na cara! É a de mandar tudo pro espaço, é a de falar mal!
– Sim, mas está exatamente nisso o mérito de fazer a coisa certa, é lutar contra todos seus instintos... é se ver ser - humano e não animal. Muito materialista essa visão de fazer e acontecer, amadurecer... é isso! Pra amadurecer tem que ser paciente!
– Muito piegas você...
– Muito infantil você!
– ...
– Além do que, de que vai te fazer diferença ganhar um bate boca, do que vai te acrescentar negar perdão? Opaa! Um a zero pra quem? Não tem campeão numa discussão, tem o mais mal educado, o menos amoroso... controle-se!
– Controle-se!
– Deus do céu, pense a longo prazo, pense a longo prazo! Pense a longo prazo...
– Às vezes a minha vontade é sumir, sair daqui, construir uma vida só minha e de vez em quando voltar para lembrar que sou construída de passado.
– Você é uma fugitiva! Sempre querendo ir embora, sempre querendo deixar as coisas para trás, não adianta... Você sabe! Resolva suas coisas aqui!!
– É... eu acho que eu sei...
– Acha nada! Tem certeza! Já fugiu uma vez! Vai fugir de novo pra fazer cagada outra vez?
­– E se for? O problema é meu! Só meu!
– Só seu não. Meu também... de todo mundo.
– Tudo bem... vou pensar sobre isso...
– Você sabe que estou certa! Eu sempre estou certa! Nem sempre o melhor a ser dito é o mais óbvio, lembra do chapéu do Pequeno Príncipe?
– Pufs! Claro que lembro.
– Então!? 
– Acho que... não sei.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

... Eu te conheço!


Já dizia o poeta que são nos dias cotidianos que se passam os anos... falem o que quiserem da nostalgia, mas eu a procuro... muitos dias sem escrever e meus pés me guiaram ao quarto da mana, se por hábito ou se porque estava procurando algum lugar que fosse ela, que fosse ela concreta, mesmo que concreta em tijolos, guarda-roupa, azulejos ou roupas deixadas pra trás... abri sua porta e senti seu cheirinho de Tia Neide sândalo e lá na segunda prateleira uma caixinha se exibia sozinha, uma caixinha de madeira, pintada a mão por um menino apaixonado e uma irmã criativa, lá dentro, entre os balõezinhos estourados, encontrei um recado nostálgico meu:

Bibian Péron,

Bem, não sabia o que te escrever... Aquelas tantas outras coisas amorosas você já sabe que eu sinto, eu já te disse, desdisse e disse de novo. Queria alguma coisa mais poética, então joguei no google, não dizem que ele é o nosso pastor, uma resposta ele teria.

Digitei então Poema para Vivian, não tinha. Tinha Poema para Viviane, tinha um poema escrito por uma Vivian e tinha até um poema para Vivian, mas era em inglês e eu queria entender o que dizia, ver se condizia contigo e depois te dar. Sim, eu sei que isso é ridiculamente não original, mas o que te dizer de inovador?
 Nada, não há nada para se dizer de inovador as pessoas que amamos, podemos as vezes ouvir algo que nunca ouvimos de pessoas que nos amam, mas isso não significa que nunca foi dito, inclusive por quem acabou de nos dizer.
 De qualquer forma, do meu jeito querendo fingir que não sou doce... Jogando no google (Meu Deus! Não me perdôo!), sim, ele me deu uma resposta, você é única! Minha única irmã pra todas as horas, linda, (en)cantadora, companheira, cúmplice, chata demais, cheia de problemas de relacionamento comigo! Mas que eu amo e quero ao meu lado pra brigar a vida inteira! Ou pra parar de brigar... Para envelhecer ao lado ajudando com os sobrinhos nos almoços de domingo!
 Obrigada por me dar o privilegio de viver mais uma vida com você, não sei que raios me deu quando eu escolhi isso, mas não me arrependo! Obrigada por me ter deixado cortar seus cabelos mil vezes, obrigada por brincarmos de lama, obrigada por me deixar ir no seu lugar para a faculdade com o papai, por não ter me dedado quando quebrei seu braço! Nossa! Sou uma péssima irmã! Perdoe-me por tudo! Eu não faria de novo. Só te quero bem!
 Enfim, feliz aniversário! (13/08/2009)
...
Preciso, hoje, confessar que você não faz a menor falta... e por isso entro no seu quarto todos os dias para pegar uma roupa emprestada e só me dou conta quando a gaveta está vazia, por isso às vezes durmo com seu edredom e penso, olhando para o vazio, sentada na sua cama... penso que você não faz a menor falta e é por isso que me choco quando sonho com você e acordo na chácara sem Vívian chata briguenta enjoada! E meu Deus, são mais 9 meses e meio pra aproveitar como não sinto a sua falta e como você não está alí para brincar com o Luquinha e então eu tenho que fazer isso, e ouvir as piadas chatas do Vinícius e ouvir o violão estridente do Victor... você não faz a menor falta para quem não te conhece... mas...


sexta-feira, 14 de maio de 2010

Adeus se for verdade, Mário!


Desses alunos que te provocam, que te exigem atenção, que pedem sem parar e que você, por força deles, por insistência deles, passa a amar e um dia, um dia fresco, dos raros no Goiás, te abandona! Vai embora pro Sul, morar com o pai... e você não sabe se chora de tristeza ou dá graças, porque talvez lá ele tenha a atenção que precisa, você simplesmente abraça, abraço sincero, apertado, forte, longe de qualquer malícia... e dá adeus praquele pré-adolescente tão infantil que se vai, pra sempre (talvez... porque ele já fez todo esse arranjo de ir embora o ano passado), desejando que ele cresça tão bom quanto você já percebe que ele é, mesmo que ele não seja o seu aluno exemplar!

(Depois vou escrever essa história completa... estou só começando do fim, tem uma parte já... o primeiro dia de aula deste ano, no dia 27 de janeiro - Para tudo que se renova, aqui no Blog mesmo, olhem lá e se lembrem do Mário!)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A Feliz adaptação de Policárpo

Se criticar é apontar defeitos, me eximo deste texto. No penúltimo final de semana fui a São Paulo com vários pretextos, dentre eles o de assistir o espetáculo Policarpo, do diretor Antunes Filho, a peça valeu, por si só, toda a viagem.


Feliz adaptação do romance "O triste fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto, o espetáculo instiga, atrai, mantém a atenção totalmente voltada à cena. O próprio título original já denota a narrativa, Policarpo não terá um final feliz, mas o importante não é nem de longe este pequeno detalhe. O importante é todo o conflito pátrio, ufânico que o personagem principal vive, qual é frustrado. 

Policarpo é um homem voltado ao seu povo, a sua nação e a sua cultura, mas em nenhum instante obtém sucesso no seu esforço para com o Brasil. O essencial de toda a história são as metáforas que a englobam, num texto escrito para um leitor atento, isto é quase óbvio. Mas como transmitir todas as metáforas para o palco de forma que não deixassem a autenticidade e se tornassem clichês, ícones vazios? Antunes Filho encontrou em sua direção, em sua adaptação textual, a fórmula para a charada e conseguiu cenas tão brilhantes, que mesmo cômicas, irônicas, se tornaram emocionantes de tão belas, estava eu ali dançando com os atores, indignada por vezes, cantando, vivendo a apresentação.

O ingresso vale a pena somente para ver Policarpo sapatear o Hino Nacional Brasileiro, prova de que o bom ator não precisa falar, basta-lhe a expressão corporal. Expressão esta que estava presente e autêntica em todos  os personagens, mesmo os figurantes, que compuseram lindas cenas, tornaram-se parte delas, do cenário, do tempo, do conflito, da loucura do major.

Para quê gritos? Para que delírios a fim de demonstrar a loucura? O melhor é encontrar moldes onde tudo isso se configure numa única cena, em um único personagem que dança sem música, sozinho, com um boneco. E foi assim que Antunes usou as metáforas: nas cenas, nas músicas, nas expressões. Mostrou que a linguagem não se resume ao idioma, que todo o homem é comunicador.

E com toda a soma desses elementos instigou-me a ler um livro que não tem a mesma dinamicidade da peça, não tem a ironia tão saborosa, tão  afinada afiada. Esta adaptação é um achado porque faz o mais difícil, supera o original. 

E nos assusta ao mostrar que a problemática que Lima Barreto enxergou, em 1915, ainda sofremos. Pior! Precisamos de espetáculos como esse para atentarmo-nos. São peças assim que instigam o pensamento e o senso crítico, que me orgulham de ser brasileira e me trazem uma pontinha do quão provinciano os goianos ainda são com o teatro e a arte.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Estou.


Existem dias em que me recuso a escrever... principalmente os dias felizes (em que vivo bem com quem gosto de viver) ou simplesmente os dias de vento gelado que alisa a pele arrepiando cada poro, esses dias gelados, raros, em que olho para o céu azul, escuro, estrelado. Nesses em que a nostalgia é o cheiro que paira. Não escrevo quando estou normal.

quarta-feira, 24 de março de 2010

porque são improvisados ao acaso."


“Distanciamento temporal” – era o que falava a professora, uma voz distante que ecoava na classe, lá, a aluna, pequena moça, cara de menina, humor de velha, ocasionalmente doce, imaginava – “Incrível, assim que sentamos-nus numa cadeira de sala de aula, tornamos-nus alunos, mesmo que em cinco minutos tivéssemos sido professores e cobrado de nossos alunos que não fossem tão alunos!”.

“Uma metáfora à coisa do feminino, a mulher é líquido, é menstruação...” as frases da professora sussurravam às vezes em meio aos pensamentos gritantes da aluna “... teria sido atropelada! A desconstrução da imagem...” e logo voltava a aluna as suas divagações internas.

Uma pontada no estômago, outra pontada viera e passara por ela.

“Mas é sempre a morte do outro, nunca a própria, o velho nunca pensa que vai morrer”, a ouvinte desmergulhara de seu turbilhão lento de pensamentos e discordara mentalmente: “Pensa sim! Minha vó sempre pensa, sempre diz!”

A professora: “O vinho estava velho né gente?...”, e lembrou- se a doce moça velho humor: “Em Bordeaux meu francês fluiu com uma taça de vinho velho” – teor 11%, num singelo almoço de despedida sem intenções... sempre tímida, sem poder da situação, almoçou um filesíssimo de carne cara mal passada e bebeu uma graúda taça de vinho bordeaux, amargo, para os franceses doce... se sozinho num mundo amargo como aquele, era doce mesmo.

Foi-se do restaurante e logo a vontade de esvair-se chegou, a eminência da urina era óbvia, o banheiro era urgente! Na procura insistente, insana, por um toalete em qualquer lugar daquela cidade, surgiu o francês, rápido, prolixo e desenvolto, nada tímido era mais o francês estrangeiro daquela rapariga: “Quelle qu’un!! Oú Il y a un toalette?” .

Entrou numa portinha branca de madeira que escondia um grande salão e encontrou um  restaurante. Ela, singela, jeans e botinha, cortou decidida pelo meio do salão e fez! Esvaiu-se de todo aquele vinho e tímida saiu, desculposa, pedindo licença “Excusez- moi!”.

“Porque ele quer ser descoberto, vários contos do Rubens Fonsêca vão trazer...” – continuava, monótona, a professora... e a garota com a caneta frenética em punho, materializando seus pensamentos em letras negras: “Ninguém gosta desse negócio de subjetividade” ia a professora...

“O conto, a poesia e o jazz seriam próximos...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Mas hein?!


Vai entender porque nossos olhos ainda batem numas construções assim, mas eu olhei pro vidro traseiro de um carro e estava escrito em letras adesivadas velhas:

Quem opéra das emorróidas não pode comer mamão! ¬¬

Falei pro meu tio ao lado:

- Máquequeissooo??

- Cada louco com a sua doidura,
cada doido com a sua loucura,
cada louco com a sua loucura,
cada doido com a sua doidura.

Foi assim, isso, desse jeito que ele respondeu!

Mas eu não concordo!!!


Ainda assim, independente de qualquer coisa, continuo achando que as pessoas são ambíguas!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Tecer

E não ter existência confirmada é viver sem eixo.

Eu não sou daqui e ainda não sou de lugar nenhum
Até tenho planos de aonde ser...
do que ser...
mas isso ainda faz parte de uma quase serei
não de um sou!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Síndrome de Asperger.


É complexo de superioridade achar que a minha vida é mais atrativa porque eu não estou caída no meio do mato, bêbada, vomitando em mim, porque Uhuuuuuuuuu "Eu passei no vestibular"?... Ou porque eu não dependo da época dos novos pra ser feliz?

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Nos poucos momentos que não sou feliz.


Lágrimas geladas só me caem quando a tristeza também é fria.
... da tristeza que engana,
que hácalma,
acumulada.
Porque você não está
Presente em mim,
Em mim não, para mim,
nem aqui.
... da tristeza que não tem um motivo só
escreve uma pessoa só,
para uma pessoa só.
Escrevo outra vez para: uma pessoa só.
se somos um só...
Somos ambos sós.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

AVERDADE


E tudo na memória é ficção... e assim como a memória, os textos também se deturpam e mudam detalhes, se não enredos!!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Que também se deletam pessoas!


"Mas se você tirou até seu tio de casa, até parece que não vai tirar seu ex das festas familiares!?" - E foi assim que a minha vó falou pra mim quando eu disse que não aceitava um exzinho se meter nas festas de aniversário do meu irmão... "É claro que ele não foi vó! Ex é ex... acabou o namoro, acabou a ligação com a família! Até parece que as ex-namoradas do meu pai frequentam a casa da senhora até hoje! Porque são amiiigas da família... amizade fica, ahãaa...!" - e levantei a sobrancelha com uma força pra encostar na nuca! - "E até a minha mãe... só vai às festas de família porque tem filhos com meu pai, se não nem aparecia lá... e eu, que graças a Deus nem cheguei perto disso, não quero ele nem beirando os meus, MEEEUS!" -  falei pra ela! "Mas ele é meu amigo sim!", pairou o silêncio, olhamos uma pra outra e respondi no meio de uma gargalhada bem dada: "Amigo seu enquanto não encontra alguém que ele goste pra namorar e ficar amigo da família da nova futura ex dele!", então ela virou pra mim com um olhar torto: "Hum... pior que é! Amigo nada! Ele é é um exzinho... quero esse rapaz dentro da minha família não... melhor a gente dar o fora nele antes dele vir dar o fora em mim, e ele nem me pede bença mais!".

E é assim que os dias, as horas, os anos, os minutos excluem as pessoas de nossas vidas, de nossos porta retratos, murais, lembranças físicas, mentais... por causa de um cumprimento! Não tem outro jeito mais fácil de conquistar vó de namorada, é só pedir bença! Foi assim que eu incluí ele na vida dela e foi por causa da benção que ele saiu!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Para tudo que se renova.


Que o tempo passa todo mundo já disse, todo mundo já leu, todo mundo já observou. Mas ninguém nega que ele assusta! A mulher nova que enrugou, os cabelos brancos que surgem depois dos vinte, as crianças que crescem assustam sim, as vezes apavoram a pessoa que fomos um dia, nesse tempo que também ficou pra trás.

Todo ano que começa traz nostalgia... hoje as aulas recomeçaram e entrar na sala como professora é quase a mesma coisa que voltar como aluno. O sono paira, as pernas e os músculos, despreparados pelas férias sedentárias, doem, latejam! A cama chama lá de longe, de casa... a fome é maior e a vontade de reencontrar os pequenos, em algumas turmas, até causa ansiedade. E ahh!! Que vontade de escrever no quadro!!

Entristece um pouquinho é ver que aqueles pequenininhos dos 6º ano estão crescendo, se tornaram 7º... namoram, nem te olham com a mesma pureza e já se corrigem quando cospem um abominável "Tia!".

E também tem aquelas peças raras né!? Entrei no novíssimo 7º, ainda balbuciava um "Bom dia turma!" e um dos alunos, o Mário (sim... todo mundo faz a piada com o menino), pulou em cima de mim querendo colocar a mão no meu nariz: "A professora colocou um pilcing!! Dá aqui!!! Deixa eu arrancar esse cravo!!"... e são nessas horas que eu sou bem Lílian mesmo, sem me preocupar com esse tempo que corre acelerado... morro de rir!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Erro de português. (Não o de Oswald)


Sim, as vezes eu esccrevo errado sim
escrevo sobre um sentimento errado,
sobre uma lembrança mentirosa,
com letras trocadas,
mas escrevo para uma pessoa só...

Para: Uma Pessoa Só
Mas se escrevo errado,
se confundo datas,
se troco letras,
é porque escrevo de forma muito passiva
A ponto de deixar passar, o que já sei.
Se as vírgulas ficam, se os pontos não entram
se sou formalmente informal
é porque tento dizer sempre que não estamos sós

Nós nos temos.

5 minutos pensando.


É porque as vezes eu sonho que estou fumando... e o cigarro é tragado com tanta ânsia e tem tanto sabor de vontade, que o fumo se transforma em cinza numa ou duas tragadas, a fumaça preenche todo o meu organismo e meus pulmões inflam de prazer... Mas eu não fumo, simplesmente sonho... No mundo dos sonhos sou fumante, nesse? não. 

Pensando que tenho dois modos de ser, talvez todo ser humano seja ambíguo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O que fica da viagem.


Para mim viajar é exercitar a paciência, até porque tenho um exercício que gosto sempre de colocar em prática, é bem difícil, para mim pelo menos, e às vezes me causa mal-humor, porém o resultado sempre me faz feliz... pratico o silêncio.

Praticar o silêncio é viajar observando tudo, ouvindo as conversas entre passageiros que não se conhecem, se apresentarem, contarem sobre suas viagens, o motivo do destino, como é sua vida. Observar as velhas principalmente, chorarem como seus parentes as amam e não queriam que fossem embora, como seus netos cresceram, sobre suas dores... os advogados contarem vantagem em como resolveram seus problemas com a aviação há minutos do embarque... o desespero das mães com nenéns chorosos quando eles passam de chorosos para gritantes... enfim, observar cada universo que existe fora do meu.

O papel em praticar o silêncio é me manter calada o máximo possível... isso só é bom porque ao fim da viagem me sinto reservada, com meus motivos e impressões somente para mim e imagino que talvez as pessoas pensem: "Por que essa menininha viaja sozinha?", "O que ela faz da vida?", "Por que não conversa?", "Por que chora?", "Por que dorme tanto?", "Por que lê?", "O que lê?"... Também tem um quê meditativo, um enorme quê!

É ótimo olhar a paisagem e pensar, fantasiar sobre de quem são as terras, fazendas que vejo... sobre os animais que alí estão, sobre como vivem as pessoas dalí.

Uma única vez me quebraram do silêncio. Um senhor, com seus 55 anos talvez, conversamos sobre japoneses, sobre emprego, sobre educação. Na verdade a conversa toda foi sobre educação familiar-escolar e por causa desse assunto, soube muito sobre aquele senhor e ele soube muito sobre mim.

Mas o mais interessante de viajar é que viajo sonolenta, porém acordada. Fecho os olhos e em transe, ouço as conversas, as músicas, talvez os filmes, os choros de crianças e as pessoas comentando: "Nossa! Como ela dorme!" como se fossem um sonho. Em viagens durante a noite durmo mesmo, mal mas durmo... os que me conhecem sabem: não posso ouvir o barulho contínuo de um motor. E quando o Sol aparece, desaparece com ele a facilidade do bom sono.

Desta vez voltei mais tarde do que deveria e é claro que adorei me atrasar.