quarta-feira, 24 de março de 2010

porque são improvisados ao acaso."


“Distanciamento temporal” – era o que falava a professora, uma voz distante que ecoava na classe, lá, a aluna, pequena moça, cara de menina, humor de velha, ocasionalmente doce, imaginava – “Incrível, assim que sentamos-nus numa cadeira de sala de aula, tornamos-nus alunos, mesmo que em cinco minutos tivéssemos sido professores e cobrado de nossos alunos que não fossem tão alunos!”.

“Uma metáfora à coisa do feminino, a mulher é líquido, é menstruação...” as frases da professora sussurravam às vezes em meio aos pensamentos gritantes da aluna “... teria sido atropelada! A desconstrução da imagem...” e logo voltava a aluna as suas divagações internas.

Uma pontada no estômago, outra pontada viera e passara por ela.

“Mas é sempre a morte do outro, nunca a própria, o velho nunca pensa que vai morrer”, a ouvinte desmergulhara de seu turbilhão lento de pensamentos e discordara mentalmente: “Pensa sim! Minha vó sempre pensa, sempre diz!”

A professora: “O vinho estava velho né gente?...”, e lembrou- se a doce moça velho humor: “Em Bordeaux meu francês fluiu com uma taça de vinho velho” – teor 11%, num singelo almoço de despedida sem intenções... sempre tímida, sem poder da situação, almoçou um filesíssimo de carne cara mal passada e bebeu uma graúda taça de vinho bordeaux, amargo, para os franceses doce... se sozinho num mundo amargo como aquele, era doce mesmo.

Foi-se do restaurante e logo a vontade de esvair-se chegou, a eminência da urina era óbvia, o banheiro era urgente! Na procura insistente, insana, por um toalete em qualquer lugar daquela cidade, surgiu o francês, rápido, prolixo e desenvolto, nada tímido era mais o francês estrangeiro daquela rapariga: “Quelle qu’un!! Oú Il y a un toalette?” .

Entrou numa portinha branca de madeira que escondia um grande salão e encontrou um  restaurante. Ela, singela, jeans e botinha, cortou decidida pelo meio do salão e fez! Esvaiu-se de todo aquele vinho e tímida saiu, desculposa, pedindo licença “Excusez- moi!”.

“Porque ele quer ser descoberto, vários contos do Rubens Fonsêca vão trazer...” – continuava, monótona, a professora... e a garota com a caneta frenética em punho, materializando seus pensamentos em letras negras: “Ninguém gosta desse negócio de subjetividade” ia a professora...

“O conto, a poesia e o jazz seriam próximos...

2 comentários:

Vívian de Castro disse...

*_* Lindo!

mkawasaki disse...

Gostei tanto que nem entendi direito!

Amor... a construção dos seus textos estão ficando cada vez melhor. É tão bom saber que tenho uma futura escritora vivendo comigo. Ainda espero por um livro.

Te amo lindinha!