quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Brilho eterno de uma mente sem más lembranças.


Eu achei que esse cheiro nunca fosse acalmar. Eu pensei que ele sempre teria passado a ser ponto de desequilíbrio. Aí hoje eu o usei para tomar fôlego. Respirei fundo com esse aqui que tanto me sufocou porque é dele que não lembro mais, é ele que já não me dá asma, é ele que se perdeu no tempo, deixou de ser afetação e se tornou afeto. Carinho por um momento passado: tempo passado que eu ultrapassei, virou lembranças fajutas desprovidas de variações sentimentais negativas. E, me perdoem os clichês, ele chama "Doces Pecados Secretos", em 2009, quando eu adorava baunilha.

Olha, meu bem, eu descobri que a gente nasceu para superar. E tenha paciência que a superação é ignorante e egoísta. Ela tem o tempo dela e não está preocupada se você está cansado. Eu vou te contar como ela é:

É sobre o ovo que eu quero falar. Tudo tem seu tempo. É sobre o ovo que eu tenho tanto falado. Quando eu penso na minha vida que ando vivendo, eu imagino um pano de chão molhado sendo retorcido, eu estou aqui torcendo ele porque eu quero enxugá-lo, ele nem está sujo mais, mas está muito úmido e por mais que eu o retorça, sempre cai mais uma gota. É que é assim mesmo, tudo tem seu tempo de esgotamento, as gostas não precisam só cair, elas também precisam evaporar até que o tecido se veja seco novamente e molhado outra vez, seco e molhado, seco e molhado, secando novos pisos e absorvendo tudo que precisam sugar até que mais uma vez possam voltar ao varal e se esticar. Esse bom pano de chão nem perde a maciez e a capacidade de absorção. Ele só fica retalhado, é que ele aprendeu tudo que precisava mesmo, aí é que eu volto pro ovo.

O ovo a gente fica lá. Você tem a capacidade de imaginar o desespero do enclausuramento do pintinho dentro dele? Mas veja: o pintinho é o próprio ovo. E o ovo é ele. Não é clausura até que ele mesmo perceba que já sugou toda a "claridade" e que aquilo não é mais ele e sim o ovo. Aquela coisa que nem ele mesmo sabe mas que o está prendendo e por isso surge aquele impulso frenético de ir embora. Mas antes de haver a quebra, o ovo é o próprio infinito, porque ele é tudo que o próprio pinto é e o pinto só reconhece aquilo. Não seria o medo de ir e descobrir o que está ali fora, pior que a raiva de se dar conta que está lacrado por algo que já foi teu? Ou foi você? E que ninguém pode ajudar, porque ajudar é pior? Socorrer será matar e morrer de ajuda não é.

A gente tem medo de quebrar a casca do ovo, mas a gente quebra. Sabe o que é? É que sempre há novas perspectivas e sempre estamos quebrando cascas.

Bonitinhos e ordinários.

- Eu gosto tanto de você que eu não quero só te abarrotar de coisas materiais, eu quero te encher de lembrancinhas fajutas!

Eu nunca me encantei tanto com um clichê tão sincero.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013