terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Todo mundo meio Bombril.

     Maria Clara - Uma colega humana.

Ando lendo tantas comparações entre mulher e periguete, homem e macho e, não que eu já tenha formado minha opinião,  não sei se concordo com as observações feitas...

Periguetes são aquelas pra transar, se divertir, a que vai trair e mulheres são pra fazer amor, casar e irá sofrer por você. Poxaaa vida!! Desse jeito eu prefiro ser periguete! Quero casar sim, quero amar bonitinho sim, mas verdade seja dita: Sexo por sexo é bom! Divertir precede o casamento e se a menininha não divertir o seu namorado, não vai ter alianças, meu bem. Além do que, antes trair que sofrer por alguém!

E sobre os homens então... a comparação entre o macho e o homem, queridos, vocês já preencheram cadastro pessoal e tiveram que assinalar entre fêmea e macho? Não! Não somos animais, animalesco é produzir comparações simplórias que descartam todo nosso histórico de vida.

Outro dia num bar, uma rapaz me falou: "Depois de tudo que sofri por causa de mulher, pra mim, agora, toda mulher é vadia até que se prove o contrário" e dois dias depois, ouvi na massagista, o clube da Luluzinha comentando: "Estou sempre esperando a pancada, posso até me relacionar com homem de novo, mas estou preparada pra me ferrar!", no fim das contas, nós, homens e mulheres, nos condoemos pelas mesmas feridas.

Até pareço meio pseudoconsultora-amorosa, mas o fato é que de periguete e machinho, todo mundo tem um pouco, todos já tivemos ferradores de nossas vidas, fomos os ferradores da vida de alguém e venhamos e convenhamos, nossos ferradores foram aqueles que mais nos amadureceram, mais amaldiçoados que sejam.

Já o conceito de homem... essa coisa de homem sensível é o verdadeiro rei, aquele que ama poesia, anda com boininha parisiense não sei das quantas blá blá blá... não sei não... trauma ou raciocínio, hoje prefiro aquele que joga video-game (e não serve angry bird e pacman , tem que ter sangue), gosta de Fórmula 1, aprecia uma cerveja, vai pro estádio porque torce de verdade pra um time (e me leva junto que eu adoro) e toca "Garotos" pra pegar menininha (no caso: eu)... estou me rendendo ao clichê ao contrário, eu sei... mas não estou querendo comparar aqui, estou só dizendo que amemos os sexos e valorizemos as diferenças, os brutos também amam.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Lili

"Já que se há de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas" - Clarice Lispector.

domingo, 11 de dezembro de 2011

10 anos de mocidade



Envelhecemos, sim, de um dia para o outro... Falei para Ana Pica Fogo, sexta: "Nos dias cotidianos/é que se passam/os anos", piegas ainda citei a fonte: "Millor Fernades" e acrescentei: "É um Haikai", coisa de professora de português.

Se agora eu pudesse aconselhar, diria: a vida sempre pode ser melhor do que está... quanto mais jovem, mais se pensa feliz e menos se sabe que existem sempre momentos melhores esperando e que o que se passa pode nunca ter, ao menos, existido... apenas vivemos momentos, torcemos por eles, que acabem, que cheguem, que continuem, enfim... a vida, neste meu novo ponto de vista, parece um segundo (a ser aproveitado).

Torna-se moça num simples esquecer de avô... hoje meu avô não se lembrou de mim, a justificativa culposa depois do esquecimento: "Você está com cara de mulher, acho que virou moça"... mal sabe ele é que estou só curiosa.




sábado, 10 de dezembro de 2011

Filosofia da vaidade


Mudo porque vivo, uma amiga me passou Matias Aires para ler... lendo, como gostaria ter pensado isso antes:

"A firmeza é atributo essencial de morte. Não somos firmes no amor, porque em nada podemos ser constantes: continuamente nos vai mudando o tempo; uma hora de mais é mais em nós uma mudança. A cada passo que damos no decurso da vida, imos nascendo de novo, porque a cada passo imos deixando o que fomos, e começamos a ser outros: cada dia nascemos, porque cada dia mudamos, e quanto mais nascemos desta sorte, tanto mais nos fica perto o fim que nos espera. A inconstância, que é um ato da alma, ou da vontade, não se faz sem movimento; a natureza não conserva e dura senão porque se muda e move. O mundo teve o seu princípio no primeiro impulso, que lhe deu o primeiro artífice; a mesma luz, que é uma bela imagem da onipotência, toda se compõe de uma matéria trêmula, inconstante e vária. Tudo vive enfim do movimento; a falta de mudança é o mesmo que falta de vida, e de existência, e assim a firmeza é como um atributo essencial de morte"...

... e novamente não sou mais a mesma.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Retrato de um alcoólatra.


Quem já sofreu de vontade de provar sabe o que é querer... sofro de quê? De vontade.

Mas ante a vontade, prefiro a caridade moral, daquilo que doamos e não nos custa nada mais que iniciativa física, nada de dinheiro, nada de materialismo, quero um mundo onde as pessoas se respeitem e que não se esqueçam o que representam para cada uma, que relembrem seus históricos.

As vezes a gente tenta entender o incompreensível... procura encontrar o motivo de buscar sem finalidades, desejo existe por si só, não necessita justificativas, objetivo e nem futuro.

Hoje mais do que nunca eu simplesmente caminho, sem necessidade de me explicar, partida em curiosidade, cansaço e sede de provar o que ainda não provei.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Passa um poema

Passa uma borboleta (Do "Guardador de Rebanhos" - Alberto Caeiro; Fernando Pessoa)

Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não tem cor nem movimento,
Assim como as flores não tem perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas a flor.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Lili



Em ilhas de campo o tempo é bom, é distante. 
Mas o tempo corre, ele não tem dó de nos arrastar
Fé é continuar acreditando mesmo nos tempos tempestuosos.
A vida sempre segue.

Por um triz

Minha maturidade grita para que eu não polemize aqui... então de tudo que escrevi, seleciono o puro:

"O fato é que não existo mais".

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Em mim.


O silêncio é uma dádiva pesada...
Muitas coisas para dizer,
Poucas coisas para falar.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Doçura


Feliz natal cupcake de felicidade gostosura dado pela Jana.

Minhas opiniões.

O egocentrismo é sem dúvida o problema da humanidade.

- Mas eu não faço mal a ninguém... a nada!
- Mas também não faz bem nenhum.

"Meu problema é grande para mim" e mais mil pessoas pensam assim, sofrendo sozinhas, sem ajudar ninguém. Ser nulo só não é pior que ser negativo.

sábado, 12 de novembro de 2011

Ótima reflexão.



    Você sabe: o futuro ex-ministro do trabalho, o tal Carlos Lupi, disse “eu te amo” para a presidente da República. Não disse olhando nos olhos dela, pelo menos que se saiba. Disse de público, em entrevista, para jornal, rádio, TV, internet.
    Bem. Antes de ir em frente, quero deixar claro que sou um homem que acredita no amor. Logo, não descarto a possibilidade de Lupi ter se enamorado de Dilma. O Cupido pode tê-lo flechado em meio a uma reunião ministerial em que seus olhares se cruzaram, uma cerimônia qualquer no Palácio do Planalto em que ele admirou o vestido vermelho dela, sei lá, são tão enviesados os caminhos da paixão...
    Porém, ah, porém, os atilados repórteres de Brasília jamais identificaram indícios de algum sentimento mais profundo entre os dois. Há quem diga que eles não são nem amigos.
   Se é assim, talvez, e digo apenas talvez, não quero que seja certo, pois, repito, acredito no amor, mas talvez a declaração de Lupi não seja de apreço aos encantos feminis da presidenta, e sim ao seu bem remunerado emprego.
    Quer dizer: Lupi jura amar Dilma para tentar despertar-lhe o amor. Ele anseia ser amado, mesmo que não ame. E, sendo tão simplório, acabou sendo profundo. Porque o quase demitido ministro revelou a essência das relações entre os sexos. Lupi olha para a presidenta e, ainda que ela seja sisuda, ainda que fale grosso, ainda que volta e meia ela descomponha um auxiliar, ainda assim ele vê uma mulher. E, ao ver uma mulher, em vez de ver a chefe, Lupi tenta seduzi-la balbuciando o que uma mulher mais gosta de ouvir:
    – Eu te amo.
    Suponho que Lupi deve ter dito eu te amo para várias mulheres, em sua vida. Suponho que algumas acreditaram. Se não tivessem acreditado, ele não tentaria repetir o truque agora, sobretudo desta forma tão... franca.
    Sim, Lupi já seduziu mulheres...
    Olhe para ele. Não se pode dizer que seja um belo exemplar do gênero masculino. No entanto, mulheres se entregaram a ele. Mulheres o amaram. Por quê? Porque ele disse:
    – Eu te amo.
    Se Lupi fosse mulher, não diria eu te amo. Uma mulher experiente nas lides do amor sabe que o que um homem mais gosta de ouvir não é uma declaração sentimental. É uma declaração carnal. Então, se Lupi fosse Lupa, ela não sairia por aí dizendo eu te amo para os homens que pretendesse seduzir. Diria: 
    – Você é uma máquina de fazer sexo. Você é um potro fogoso que leva qualquer mulher ao êxtase. Preciso de você para sentir prazer.
    É isso que um homem quer ouvir. Ele quer ser um campeão das atividades interlençóis, ele quer ser um semideus da luxúria. Ele quer que ela seja escrava dele, sim, mas não por amor; por desejo.
    Quem planeja despertar o amor do próximo, portanto, vale-se dessa arma: diz o que o próximo quer ouvir. O homem deseja, mas diz que ama; a mulher ama, mas diz que deseja; o jogador de futebol beija a camisa, mostra o escudo na comemoração do gol, jura que virou torcedor do clube no qual joga.
    É assim que é.
    Não devemos acreditar em tudo que ouvimos.
    Torcedor: eles jogam por dinheiro. Dilma: esse ministro não te ama. Pode demiti-lo sem remorsos. Eu te amo.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Não só de ano


Tenho medo do fim.
Sempre assim o final de ano: tensão sobre o inesperado.
Boas borboletas na barriga.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Contraditória ou metalinguística?


Admiro pessoas que ao invés de ruminarem amor incorrespondido se entregam a temas diversos, que extrapolam as temáticas recuso-amorosa e se ampliam a assuntos, muitas vezes não tão edificantes, mas de maior valia ao amor-próprio.

Todo mundo precisa de atenção, não há grupo que não sofra individualmente, "nasce-se só, morre-se sozinho" - as vezes penso, porém devemos tentar sempre sermos os guias e não o cavalo, necessitamos firmar nossas rédeas e traçar o caminho que escolhemos, ao invés de choramingar, mendigando afeto e atenção em vidas virtuais, expondo-nos para que todos percebam nossos conflitos, em  jogos pseudoamorosos.

Canso de ver meninas marcando os ex-namorados em fotos de coração, enfatizando que ainda os amam, que os esperam, que sentem saudades, em seus blogs, ou terminando amizades, falando desmedidamente o que não falariam em presença verdadeira, rapazes que se esgoelam em recados machistas ou se mostram sensibilizados demais. 

E quantas vezes não nos enganamos? Lemos status e mais status de uma pessoa infeliz e sempre as vemos felizes? Ou o contrário? É o excesso da própria depreciação. Meus sentimentos não aparecem no Facebook, no Twitter e muito menos nos aposentado Orkut: aparece na minha face e, olhe lá, no meu blog.

"Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonha que se sonha junto é realidade"... e cantarolando Raul Seixas, ultrapasso o egoísmo que sempre tenta nos tomar e me lembro que se não há alguém a atender a minha vontade de sonhar comigo, existem, lá fora, pessoas querendo sonhar compartilhado.

Basta-me ampliar o olhar a elas e esquecer-me um minuto que meu mundo não existe, existe o nosso conjunto de indivíduos querendo compartilhar mais que posts em redes sociais irreais, onde todos conhecem a vida de todos e ninguém conhece ninguém. Em quantas salas existirão pessoas sozinhas que anseiam atenção?

Quero um mundo real.

sábado, 15 de outubro de 2011

Ensino e aprendo de segunda à sexta


Ser professor não pode ser uma alternativa para falta de emprego na sua área, professor tem que ter licenciatura, tem que saber discutir sobre educação com embasamento teórico... talento não é suficiente, é preciso conhecimento acadêmico para saber compreender fatores simples e ai sim, o talento influenciará.

Você viajou e fala inglês ou espanhol fluentemente? Sabe muito de gramática, de história ou filosofia? É bom de contas? Querido, não serve, o professor deve ter licenciatura para que não precise ouvir de mim (e de professores de verdade) os conceitos mais simples da educação e para que possa criticar amplamente quais são nossas falhas e problemas.

Meu primeiro momento em sala de aula foi trêmulo, mas passou... meu primeiro ano foi decepcionante, o ensino médio foi lindo como aluna e desanimador como professora, mas ai vieram lindas crianças e me mostraram a que vim, para o ensino que é fundamental.

De todas as minhas escolhas posso dizer que a melhor que fiz foi ser professora... foi a sala de aula que acalmou minha mente em todos meus últimos momentos, mesmo os felizes e principalmente os tristes... estar em classe não possibilita abstrair-se, a sala de aula é uma entrega que se faz de corpo e alma. E é por isso que normalmente durmo à tarde, de energias sugadas, com sonhos interligados entre a vida pessoal e os alunos, contente de poder ser professora em qualquer ficha a ser preenchida... de aprender mais que ensinar, a docência é uma relação de troca, ensino e aprendo de segunda à sexta.

Mas de tudo, garanto que a professora que sou foi formada na universidade e não aos trancos, li bastante e sofri vários conflitos internos por quatro anos, para poder ter este título à frente do meu nome.

As coisas se resumem mesmo em como me descrevi no Twitter: "De tudo que ela pode falar que é, o melhor é que é brasileira e professora. Muita gente acha isso ruim, ela ama". Hoje, a docência faz parte da minha personalidade, dos meus planos, das minhas observações em viagens, das minhas restrições.

Feliz dia dos professores para nós!

P.S.: Estou a procura de mais aulas (Nosso jargão), professor, literalmente, vive de aulas.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Minhas relações

Amor sem reciprocidade é vontade individual.

Amar é um monte de coisas
É um monte de exigências do tipo querer que o outro seja feliz 
(e a gente quer)
... mas amor mesmo é quando é sincrônico.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sou um coração batendo no mundo


...Mas é igual um edredom velho que eu tinha. 
Ele era velho, feio, marrom e encardido.
Ai eu ganhei um novo, mas não queria usar, 
tinha me afeiçoado ao velho,
 ficava até com dó de largar ele.

"Sou um coração batendo no mundo" - trecho da autora Clarice Lispector, o poeminha é meu.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Instrospectivizando


“O fator traumatizante, tal como é possível vislumbrar em uma neurose, não é nunca um acontecimento real por si só, senão o que ele tem dito ou calado aqueles que estão ao seu redor. São as palavras ou sua ausência, associados com a cena penosa, as que dão ao sujeito os elementos que impressionarão sua imaginação” (Mannoni).

E aqui está o motivo pelo qual não pretendo nunca resolver meus problemas sentada na cadeira de um psicólogo/psiquiatra, até parece que eu vou sentar num divã para falar a alguém que tem o pressuposto de "é bem provável que ela esteja ilusionando".

Brincadeiras a parte, é sempre isso que o Mannoní teoriza que eu penso. Os nossos problemas sentimentais estão somente dentro da gente, sempre, depende muito mais é da relevância que lhes damos e do tempo que nos delongamos a extraí-los.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

22 anos aqui.

Felicidade é assim, vive aqui, dentro de nós... e um dia, adormecida que pode estar, desperta por uma bela canção, por um sopro, por uma letra e acordada que se torna, não cansa de fazer hora extra.

Ninguém precisa ter sido triste para saber que está sendo feliz.

A felicidade é inerente.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Coisas de mulherzinha.


TPM: Irritar-se com tudo e depois cogitar ser ela uma desculpa esfarrapada (sua mesma) para o fato de você estar se irritando facilmente e depois de alguns dias perceber que, sim, ela realmente existe.

TPM: Aquilo que o machismo usa pra justificar a indignação das mulheres referente a qualquer coisa, ainda que não seja ela a agente.

TPM: Ciclo vicioso que repete as mesmas dúvidas e irritações de todo ciclo menstrual.

TPM: Vontade de bater, discutir, gritar, chorar e ser abraçada.

TPM: Literalmente coisa de mulherzinha.

sábado, 27 de agosto de 2011

Puramente assim.


Bom dia, dia! Os ares da manhã, aos sábados, são outros. Manhãs de sábado me lembram infância no sofá, comendo passatempo com gordura trans e tomando leite com chocolate. Mentira, nunca gostei de leite com chocolate, meu negócio sempre foi leite puro, tomado de gute gute...

Manhãs de sábado me lembram aulões do terceiro ano, precedidos de copo de leite corrido para a escola... Me lembram também aviões decolando depois de uma correria desgramenta e vez ou outra, aviões pousando.

Das manhã de sábado, as melhores são aquelas que passei a sexta em casa, dormi na hora que eu quis sem obrigações matinais para o outro dia e acordei também, a hora que eu quis, com o celular no silencioso, para não ser incomodada, rolando na cama, brigando com o corpo para despertar e também não. Olhando pelo céu azul que entra pela janela e sentindo o calor excessivo do meu edredom. Hoje acordei feliz, a sete dias mais feliz. 

Em primeiro texto, escrevi: em uma semana ganhei uma pessoa antiga e perdi uma pessoa antiga. Errado. Pessoas não se perdem e não se ganham, se recuperam inevitavelmente.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Respeito: essa meleca que temos que respeitar!


Atrasada, a menina outro dia, pegou-me pelo braço, em sala de aula e contou que a madrasta lhe lavou a boca com sabão... "O que eu faço, professora?", "Mude seu comportamento, gatinha, é só da gente que a gente pode exigir mudanças"... "Dos outros, nós não podemos exigir nem o que nos é fácil", quanto mais o que também faríamos.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Uma flor ao clichê - Ninguém é de ninguém



O assunto é primeiramente de família e é  familiar pra você também.

Outro dia deixei escapar, de brincadeira, em classe: "No final das contas, tudo é por reprodução, até objeto indireto! Você, Lucca, está aqui nesta sala, porque seu pai sabe que em 2030 você já tem três filhos pra sustentar!"... hoje, lendo o texto que coloco aqui, pensei: "Poxa, quanta ignorância, hein, professora!?"...

"O amor tudo suporta. A característica do amor é a perseverança. Aquela(e) que logo perde a paciência e abandona um propósito tem pouco amor. No amor verdadeiro não há ciúme. Tem-se ciúme quando há desejo de possuir exclusivamente para si, e isso não é o verdadeiro amor. O amor jamais procura exibir-se. O amor é sereno. Uma paixão ardente que logo se extingue não é amor verdadeiro. O amor é aquele que vivifica o próximo com serenidade e perseverança, sem jamais perder a esperança. O amor nunca é desespero. Desespera-se aquele que não está amando verdadeiramente o próximo. Quando o amor é profundo, jamais perde a esperança no próximo. O amor vê a perfeição da imagem verdadeira. O amor jamais amarra o próximo. O amor liberta, porém não abandona. Amar é orar pelo bem do próximo - (TANIGUCHI, Masaharu. A Verdade, v.9)".

Apesar de achar muito difícil amar desse modo, a gente não pode esquecer que talvez seja dessa forma mesmo. Tudo na vida é ao acaso do amor... "Refletindo sobre minha própria vida, não há dia mais triste do que aquele em que nada amei", continuou Taniguchi em outro trecho, de um outro livro. Por bem, nunca passei um dia sem amar e cada dia que passo, esse meu círculo de amores cresce e revive... bom e problemático é que é muito difícil querer apenas uma pessoa.

Depois de ouvir um poema tão bonito de Vinicius de Moraes, resolvi terminar esse tributo ao clichê com ele e não pensem que estou para mudar meu status, estou falando de muita coisa:

quarta-feira, 27 de julho de 2011

No meu tempo.


Os dias confortáveis me fazem lembrar que prefiro me decepcionar quantas vezes forem necessárias para não deixar de acreditar nas pessoas, nos fatos e nas esperanças... porém sou inquieta, os olhos sempre fixos, mas as pernas sempre dançando.

Já fui daquelas que largou para trás pessoas e lugares e quando retornou percebeu que ambos não existiam mais e penso que essa é das maiores decepções que existem... mas nos últimos momentos, percebo que meus lugares, minhas pessoas, meus instantes, por mais que preteridos, estiveram sempre ali, tão meus como sempre.

Durante quase 1 ano de tempo meu, a Vivi esteve longe e em meus sonhos ela sempre retornava outra, nós éramos outros, a chácara e Goiânia eram, para ela, outros. Mas quando ela pisou seus lindos pésinhos branquelos no Santa Genoveva, parecia que ela nem nunca tinha saído daqui e foram assim que as pessoas e os lugares, depois dela, passaram a aparecer em mim, como se nunca tivessem ido.

E é ai que o Saint-Exupéry sempre volta pra mim, não era ele que dizia que "aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós, deixam um pouco de si, levam um pouco de nós"?... isso só reforça a ideia de um certo professor importantíssimo em minha vida, escrita num livro de poemas que sempre leio: "a mão fechada se torna um ponto e aberta se torna infinito (...) a vida não está contida na escala do tempo, não está contida na escala da caducidade" (Masaharu Taniguchi)... e me abre a um paradoxo: tenho tempo para tudo, mas não posso demorar, estou levando as coisas tipo Jack Estripador, por partes... esperando e indo embora.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Zorra


Sou do Oeste. E é por isso que minha raposa olha pra lá.

Nem nunca pensei em raposas, até apreciava um tiquinho a Kyuubi... e tinha aquela de um desenho que eu gostava quando era criança, que a raposa, apesar de predadora, amava e cuidava de sua amiga cegonha. Teve também aquela do "Todos patinhos", que a Dassa me deu de aniversário e contava da caçadora laranja que acaba por formar uma família de patos, esperando sua presa crescer, tornou-se pai e descobriu que o tempo constrói o sentimento.

A raposa, na literatura, sempre é um ser faminto que é enganado pelo tempo e este mesmo tempo é o que a torna melhor, mais amável e mais sábia, aproprio-me dela. Até tem uns significados orientais, de ser astuto, feminino, feiticeiro... e mesmo que eu os aceite, em mim não caberia demasiado clichê, não como motivo.

A minha raposa é a do Pequeno Príncipe, a que é cativada, a que dá valor ao tempo que se dedica àqueles que se pensa comum e que só nós, raposas, sabemos que é pelas horas, pelos dias, semanas e meses, que se tornam únicos. Quem não sabe do que estou falando deveria ler mais... deveria fazer como Antoine de Saint-Exupéry recomendou e ler "O Pequeno Príncipe" em três fases de sua vida.

A raposa é preguiçosa, tem os olhos cerrados, é do deserto e está certíssima em seus segredos, tanto que me confundi ao escolher qual deles gravar junto, de qualquer forma, não vou me esquecer de que me tornei responsável por aqueles que cativei, de que foi o tempo que dediquei a minha rosa que a fez tão especial, de que os rituais são necessários, mas daqueles diálogos dela, o que simplifica tudo é:

"O essencial é invisível aos olhos"... só se vê bem com o coração, em português de preferência, como a Vivi recomendou.

Posso dizer agora que, literalmente, sou meio raposa.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Em português


Foram três meses. Tentei guardar o texto, tentei não falar da coragem pela igorância... não consegui. Deixar desenhar-se é um processo e vem acompanhado dos pensamentos, nas horas que se passam em silêncio, no meu silêncio, do barulhinho da máquina e da dor.

E neste silêncio, que se desenrolava em horas psicológicas muito mais longas que as cronológicas, refleti sim, depois do anestésico... na verdade, no início, o que mais fiz foi xingar e depois de perceber o erro que vive em esbravejar num momento em que o corpo está todo concentrado em apenas um ato, agradeci, à la Seicho-No-Ie mesmo: "Muito obrigado, muito obrigado..." e passei pelo "Imagem verdadeira, harmonia e perfeição" também. 

Mas aí que a gente se acostuma a viver em qualquer contexto, o meu foi de dor, e nesse tempinho de pele espetada, pensei de alunos, diários, provas, médias, amigas, ex, xadrez até girafas no zoológico. 

Como ouvi das tatuadoras, da madrasta e das amigas "Mas você já se acostumou com essa dor, não?"

E guardei para mim a última conclusão dessas sessões: o humano não se acostuma a tudo não, até recortadamente ele se acomoda, mas, no caso da dor, não há ser que não fuja, que não se rebele e que não a queira sempre longe. A dor é sempre nova e sempre dói do mesmo jeito, por mais aceita e conhecida que já seja. Prova disso é o choro que derramamos em todas as mortes de queridos que vivemos, todos os namoros que rompemos, todas as dúvidas que passamos, cada tatuagem que fazemos.

Meu desenho completo não é para todos, inteiro mesmo é só para os íntimos, o que prova mais uma vez que o "essencial é invisível aos olhos".

terça-feira, 12 de julho de 2011

"Um risco, uma passo, um gesto..."


Expôr-se a tratamento de choque,
 ela pensou. 

Leu Redatoras de Merda,
comeu doce-de-leite,  
ouviu Litlle Joy, Paralamas e Apanhador Só. 
Falou mal de homens com a amiga... 
repensou parar de parar de tomar o controlador hormonal, 
escreveu... 
e teve uns dias em que chorou escondida. 
Pintou o cabelo, 
descoloriu-o e pintou de novo... 

conheceu homens, 
conheceu mulheres... 
perdeu a cronologia dos fatos. 

Hipotetizou. 

Pensou em voltar atrás... 

rezou por um futuro novo.

Depois de rasgada, dobrada e redobrada,
formou em pássaro, assim como o origami,
cansada.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

"Gosto de ficar ao sol, leãozinho. De molhar minha juba..."


Ando imaginando-me a andar pela areia molhada, bem a beira do mar, os pés afundando na areia lamacenta, gostosa, puxada pela água que vai embora e volta molhando minhas canelas.

Ando imaginando-me a mergulhar na água salgada, o nariz arrebitado e os olhos ardidos de sal. A onda quebrando, as vezes, antes que eu me restabeleça... o que me relembrará mais uma vez que sou totalmente do planalto central, nenhum hábito litorâneo.

Ando imaginando-me a sair das ondas, talvez a jogar um pouco de lama numa amiga e a caminhar até a areia fofa, branca... as canelas sujas de areia e o corpo impregnado de sal. A procurar uma ducha e perceber que a mais próxima está longe... então, ando imaginando-me, a tirar o sal com gelo ou água mineral. Ando imaginando-me a avermelhar as bochechas branquíssimas... a esfriar a pele na água e aquecê-la ao sol. Ando imaginando o cheirinho de Sundown!

Ando imaginando-me a sentir a maresia na descida para o litoral, na chegada à praia e ouvindo as ondas quebrarem ritmadas, da minha cama.

Ando imaginando-me a sentir o calor úmido do litoral, o cansaço do fim do dia, a vontade da noite. Não, não ando imaginando-me a catar conchinhas! Não tenho mais paciência para elas!

Ando imaginando os pôres-de-sol que posso ver, os cocos que posso beber, o sol que não posso pegar, os mergulhos que posso dar, os dias e as noites que quero passar, as marcas que posso ter.

Acho que o verão é na praia.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

terça-feira, 28 de junho de 2011

Eu: mosaico de opiniões.


Dias gelados me deixam ainda mais sonolenta. As vezes imagino que nasci para dormir. Mas estes dois últimos raros dias em Goiânia, dias de fumacinha saindo pela boca, edredom aconchegante, cama feiticeira, travesseiro afundador não foram aproveitados nas tardes frias que tivemos aqui no oeste, estive pintando paredes ao redor de uma piscina com 35 crianças, digo, pré-adolescentes.

Em resumo, resumimos em desenhos grafitados na parede da escola o livro "O menino do dedo verde" e pude neste tempo meditativo de pincel que desce e sobe, vai e volta, preenche e borra, decidir que não mais perderei tempo com partes que não me preenchem, que não colorem minha alma.

Busquei a vivência e a confirmação de que os valores valiosos eram os que eu seguia e para isso precisei abandonar o caminho que sempre andei. Daí que vivo o paradoxo de acreditar no trecho dos Engenheiros: "Mas a dúvida é o preço da pureza e é inútil ter certeza"... Só crê na verdade destas palavras quem provou do desconhecido e se tornou próximo, esse verso é o conselho de um bom pai.

Então, um dia houve sim um muro branco em mim... cheio de questionamentos sobre os bons motivos da vida... aqui raciocinando, existem tantos narradores... tantas facetas de uma pessoa só, sem bipolaridade, já disse várias vezes: sou ambígua. Eu: mosaico de opiniões. A de agora é: só gasto meu tempo com labores interessantes, para tanto a seletividade é a palavra do momento, minhas horas estão muito mais ótimas otimizadas e eu muito mais colorida.


(Apesar de tudo, me resta dizer que provei de vários lados e ambos são gostosos. Tem gente que gosta de algodão doce e tem gente que gosta de jiló! Eu adooooro os dois! - Para diluir um tanto o moralismo, sem diminuir a densidade do conselho!)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Nozes.


Vinícius de Moraes aconselhou que fosse eterno enquanto durasse. Eu acrescento que seja eterno enquanto houver saudade... Tem gente que sempre será eterna... e isto é o único fato que é presente do futuro, mesmo que estivesse no pretérito imperfeito.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Eu não quero voltar sozinho

Que para todas as pessoas o mundo seja belo assim e que todas elas sejam intelectualmente capazes (...)!

(Premiado em: Troféu Sapuari 2011, Troféu Dom Quixote, Prêmio Sindcine de Qualidade Técnica em diversas categorias!)


segunda-feira, 20 de junho de 2011

Brevemente


Se até dos números duvidamos da eternidade, é natural que questionemos a nossa.
O infinito pode pesar, 
mas deixa as coisas mais leves.


(Estive com saudades de textos curtos)

Fica



Se você estivesse comigo,
o sol estaria aqui.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Entre mentes.


Sentei-me na cama ontem a noite. Minha cama é dessas que se senta e afunda... mais parece ela um abraço. Ontem minha cama abraçou minhas pernas.

Pés sobrepostos um a cima do outro, apenas nas pontas, o corpo sentado sobre as panturrilhas, quase como uma judoca. As mãos justapostas de forma triangular a uma distância de três polegares do nariz, os joelhos dispostos a distância de dois punhos, os olhos levemente fechados, o olhar para cima e a coluna ereta. Meditei.

Algumas situações eu, confesso, evito. Evitei durante muitos dias meditar e me perguntar quem sou eu e principalmente evitei meditar em prol da minha verdadeira felicidade, mas algumas coisas são inevitáveis. A verdadeira felicidade por exemplo, tenho medo dela, mas ela vai chegar. E acreditem, isso não faz parte apenas dos sete meses que se antecederam a este texto... 

Parece estranho falar em medo da verdadeira felicidade, mas este medo existe sim, principalmente quando se está gostando do que está vivendo, mas sabe que o que está acontecendo não preenche o seu eu mais íntimo e sabe que meditar é acordar aquela raposa que existe dentro de nós adormecida e de repente quer acordar aos grunhidos mais fortes... por isso estou a mantê-la durante tanto tempo pelas costas... o paralelo é que em mim, ela está cada dia mais viva, mais colorida e não estou falando da minha tatuagem. Algo em mim quer ser cativado, mas algo em mim tem medo e muitas coisas por aqui ainda não tem valor, o trigo por exemplo para mim, não significa nada... mas...

Enfim... resumo aqui todo o significado que tem na minha vida o ato de meditar.

Meus pés, na cama quente, logo começaram uma dança de pontinhos piscantes internos, pequenas formiguinhas... choques sem força, que logo se tornam dormência e logo se tornam nada. De meditar gosto de tudo: gosto da paz, gosto dos pés formigando, gosto da tensão no braço, gosto do domínio do corpo pela mente, gosto dos pensamentos que jorram... dos pequenos ruídos que ouço e normalmente não percebo dos outros apartamentos, amo o silêncio e amo me encontrar ali quieta, pronta para conversar e ouvir o que há de vontade mais íntima aqui.

É por isso que faço o shinsokan (algo como contemplar Deus no/pelo pensamento) na forma mais original que posso. Se amo sashimi, guioza, hashis, kimonos, barcas, hot holls, sake (=P), e todo diabo a quatro que envolve a cultura japonesa... se nasci com os olhos puxadinhos numa vida goiana totalmente ocidental e amo o oriente. Se neste planalto central do Brasil, nasci numa família que segue uma religião Seicho-No-Ie, então meditar eu também gosto é em japa! Nada de cadeirinha.

Me sinto menos convicta das atitudes a tomar do que nunca, mas me sinto mais pronta do que nunca para aceitar o que é meu e espera há tanto pela palavra de ordem "Venha".

Foi por isso que hoje acordei pensando que a ideia é uma semente plantada. Vejamos a colheita!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A ignorância acompanha


"Ignorante, palavra derivada de gnose, não saber", como dizia meu professor de Literatura Portuguesa I, nas aulas matutinas de início de faculdade, numa voz fina e inconstante. Na época, disputávamos na faculdade as melhores imitações daquele tipo caricato... e aquelas manhãs ficaram gravadas em minha mente e a explicação eu absorvi, de tanto imitar.

Quando fui sozinha para Bordeaux, todos me falavam que eu era muito corajosa... mas não foi exatamente a coragem minha motivação. O meu conflito é a curiosidade. O dia em que entrei em tantos aviões e fiz escala em tantos aeroportos para chegar naquela cidadezinha francesa, para passar cinco meses, não sabia em suma o que me esperava... fui sem pensar no que encontraria e o problema da imaturidade é justamente não saber, voltei, em um mês. Isso foi tão problemático que ainda não avalio com precisão o total desta conta na minha personalidade, no meu presente, no meu passado e no meu futuro. O fato é que um dia saiu uma Lílian da cidade de Goiânia e ela se perdeu em banheiros, aeroportos, aviões e caminhadas sozinhas e intermináveis durante 25 dias. O pior continua sendo a dúvida, quanto de mim tinha de ser assim e quanto de mim deveria ser mais se eu tivesse ido até o fim?

O que me felicita é que com certeza eu não podia e não quereria ser a mesma de dezembro de 2008, sou feliz com a que chegou aqui.

A vida é feita em ciclos tão intermináveis, tão recorrentes... sempre me vejo exposta a frase "Você é corajosa" e sempre lembro do meu professor Rogério.

Entrei no estúdio do Jander pra fazer uma tatuagem, que para uma pocket como eu, é gigante! E todo mundo me falava e fala: "Nossa, como você é corajosa"... desta vez eu tinha consciência da minha ignorância. Bem, não posso ter medo do desconhecido e como não conhecia a dor de uma agulha rasgando toda minha pele, mergulhei de ponta. Mas uma tattoo que se inicia, se termina e meeeeu Deus!!! Nunca sofri tanto e nunca senti tanta dor na vida, uma dor incomum!! Estou aqui tendo uma filha! Desta vez saberei exatamente o tanto que devo ser.

Certa vez um velho amigo me disse que se um gato pensar, ele não faz suas grandes proezas, não pula suas grandes alturas, não cai sempre de pé. Então!

terça-feira, 10 de maio de 2011

"Precisar de dominar os outros é precisar dos outros" - Fernando Pessoa.



"Alguns têm na vida um grande sonho e faltam a esse sonho.  
Outros não têm na vida nenhum sonho, 
e faltam a esse também" - Fernando Pessoa.

Realmente me revolto quando ouço estrangeiros falarem que o Brasil é perigoso e recomendarem aos turistas que possam vir aqui, que escondam bem seu dinheiro e tomem muito cuidado com assaltos, porque aqui não é seguro como o país deles. Sim, o Brasil não é um reduto de paz e calmaria como Graz, na Áustria, mas a verdade é que, muitas vezes, imagino que os americanos e os europeus devam estar tão gordos que não consigam olhar para seus próprios umbigos:

Como passei medo nas ruas de Paris, como precisei me precaver para não ser assaltada em vários pontos turísticos ou para (simplesmente) conseguir manter as mãos fechadas para qualquer coisa que fortes e grandes franceses na porta da Sacré le Coeur tentavam colocar em minhas palmas e como estive assustada em Roma, com todos aqueles ragazzos maltrapilhos agrupados em esquinas, nas ruas mal iluminadas, nestas últimas férias. 

E em Bordeaux, inclusive, logo no dia que cheguei naquele intercâmbio, que depois resolvi abortar, em 2009, ainda meio zonza pela novidade que encarara sozinha, precisei me atentar a um homem que enfiou seu número de telefone no meu bolso, no ponto do "tram way". Precisei me adaptar a um quarto na casa de um maconheiro que não trabalhava, apenas recebia rápidas visitas que pegavam qualquer coisa e iam embora, óbvio não me adaptei e fui para a casa dos estudantes, necessitei não me tornar histérica quando um rapaz europeu resolveu me olhar por de baixo do boxe do banheiro coletivo que usávamos no prédio de estudantes, ou quando outro gritava, andando de toalha (à 3º C) pelo corredor de um andar com 80 quartos. E, por fim, para fechar com chave de ouro, tive de fugir de um árabe que teve na telha de me seguir descaradamente, quando, então, resolvi ligar para meu pai e pedir penico!

A questão é, então porque viajei para lá de novo e porque viajarei quantas vezes for? Primeiro, porque tenho ideias bem cosmopolitas, mais que um problema nacional, a segurança é um problema mundial! Segundo, porque a Europa é berço cultural e histórico dos americanos e claro, sou curiosa, mais do que ter, quero saber.

Apesar também de todos estes problemas, poderia além de um texto, dedicar-me a um blog que falasse sobre todas as boas aventuras e as grandes felicidades e novas sensações que vivenciei no outro continente! O que não suporto é ler textos que exaltam os problemas brasileiros e latinos sem critério, comparativo por exemplo. E pior de tudo é ouvir europeias, como essas tchecas que vieram para "zuar" no Brasil, dizerem em plena Paulista, para a "jornalista" Sabrina Sato, que não tinham dinheiro, porque seus amigos europeus recomendaram que não andassem pelas nossas ruas com notas!

O mais irônico de tudo, é que imagino que a maior parte dos mochileiros que viajam para outro país, voltam admirando mais o seu (e não importam os motivos), mas ao regressarem, escutam de todos aqueles que não foram (ou foram em grande luxo) a mesma conversa de como o Brasil é uma porcaria. Foi numa dessas que comentei com minha bèlle-mere (pois me recuso a chamar a Lu de madrasta): "A única coisa que quero ouvir é elogios ao meu país e todos me chegam para falar mal dele, pedir a opinião comparada de como lá fora é melhor", não é!

A verdade, meus caros, é que, se viajo, volto forte para melhorar meu país... e não li e reli este texto para analisar o quanto de senso-comum patriótico tenho, o quanto de contraditória tenho entre o sentimento de querer um mundo mais cosmopolita e ao mesmo tempo de nação mais nacionalista; mas com o que já experienciei, penso que seria melhor que abandonássemos esse sentimento de inferioridade, que recolhêssemos dos mais velhos apenas o que há de bom, para melhorarmos o daqui e também que deixássemos, no mínimo, o senso-comum adolescente e ignorante de odiar o que temos, não sejamos extremistas, o meio-termo, na maioria das vezes, é o caminho.

Sempre que viajo, volto respirando ainda mais brasileira e isto foi é questão de maturidade.

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ESPN americana chama Copa - 2014 e Rio - 2016 de 'Jogos Mortais'


(Não quero que fechemos nossos olhos para nossos problemas, muito pelo contrário, mas avacalhar não, né? Jogos Mortais!!??)

domingo, 27 de março de 2011

A felicidade da jovem Lílian




De: Lílian de Castro [mailto:liliandeccastro@hotmail.com] 

Enviada em: sexta-feira, 25 de março de 2011 19:28
Para: vinibtms@gmail.com
Assunto: Feliz!


- Que dia é hoje, professora? - Perguntou uma aluna quando pedi para que fizessem cabeçalho para a tarefa de hoje.
- Dia 25 de março de 2011, aniversário do meu melhor amigo: Vinicius Barbosa Teixeira Machado dos Santos!
- Nooooooossa! Que nome enorme!! - respondeu a maior parte dos alunos da classe em coro.
- Em nome e em pessoa! - Respondi eu, orgulhosa do amigo que tenho.

Hoje aconteceu uma coincidência, pedi para que meus alunos escrevessem sobre alguma pessoa sublime de suas vidas e trouxessem a letra de uma música que a lembrasse, certo aluninho do sexto ano, o Miguel Quinteiro, trouxe uma que lembrava seu melhor amigo e tive que me segurar para não chorar em plena sala de aula, lembrando aquele dia tão bonitinho em que fizemos um CD de feliz aniversário pra ti, que virou moda depois... se cada pessoa importante em nossas vidas (para mim) tem uma música, a sua, mais que a da Vivi (se você tiver lido meu blog) é a mais cabível de todas:

Canção Da América

Amigo é coisa para se guardar

Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir

Mas quem ficou, no pensamento voou

Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou

Amigo é coisa para se guardar

No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Pois seja o que vier, venha o que vier

Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.


Vivi Bululu, meu amigo dos amigos, que sentou comigo e conversou tantas vezes quando precisei de ajuda... que construiu parte do que sou, que virou meu irmão e que viajou pela Europa comigo (coooof cooof), fala sério! Para nós, ali naquele ensino médio no Nova Era Vestibulares, isso era previsível sim, tão previsível que imaginávamos e fazíamos planos sobre, claro, sem a pretensão de realizar, mas somos o que podemos ser, né? E com uma pessoa tão maravilhosa como você, não poderíamos ser melhores! Mentira! Poderíamos e podemos, sim! E é isto que te desejo no seu aniversário de 23 anos, crescimento pessoal (que de tamanho chega né, bem!?)... que você nunca se dê por satisfeito, que sempre queira se instruir, viajar mais e que sempre ao final de cada jornada pense: "Nossa! Eu podia ter feito mais! Mas tudo bem, vou fazer esse mais naquele outro plano que eu tenho para a próxima!" e que obviamente esteja incluído na sua reflexão: "Lá estarei eu e a Vivi e o Nanicão, se não estiver com a gente dessa vez, vai nos visitar e vamos dormir em aeroportos, na mesma cama não pelo amor de Deus, vamos passear, vamos em vários Hard Rock Cafés e eu sempre me cuidarei para não vomitar na frente da Lílian de novo!"...

Vinição, já temos história! E querendo ou não, a nossa história é juntos e fico feliz de hoje perceber que temos várias almas gêmeas em nossas vidas, você é umas das minhas (não preciso de uma gracinha aqui para saber que você tem maturidade suficiente para compreender o que digo), obrigada por ser meu irmão!

Amo você,
beijinhos
saudades!
Lili! ^^

P.S.: Não escrevi mais cedo porque passei o dia inteiro com dor de barriga!
P.P.S: Tô sem seu msn!

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De: Vinicius Santos [vinibtms@gmail.com] 

Enviada em: sexta-feira, 26 de março de 2011 3:17:32
Para: liliandeccastro@hotmail.com
Assunto: RE: Feliz!


Primeira coisa: Realmente você escolheu a palavra exata para definir o assunto do email. Engraçado que ela também definiu meu estado de espírito após essa leitura. Um suspiro e uma felicidade enorme! Muito obrigado.

Bem, realmente esse meu nome enorme impressiona. Sempre impressionou, desde os coleguinhas da escola primária, onde eu me sentia inflado por ter um nome que diferenciava-se do nome da maioria, até as pessoas com as quais trato atualmente, como os europeus que também comentam, dizendo às vezes que é um problema ter um último nome, coisa que aqui possui ampla utilização, como numa lista bibliográfica, composto por quatro longos nomes, para eles quase impronunciáveis.

Mas essa pequena irritação que eles sentem, como a moça do banco que não sabia o que fazer para escrever meu nome no cartão de débito, não me incomoda nem um pouco. Isso porque eles não conhecem essa grande pessoa sobre a qual você escreve. E antes que isso pareça auto-promoção, me defendo...

Não conhecem porque não se dispuseram a estar do meu lado, compartilhando segredos e trivialidades, muitas vezes acompanhadas de longas e boas risadas. Ou ainda de boas e construtivas discussões, que semearam, aliás, que reviraram o terreno dos meus pensamentos para só depois germinarem em reflexões que mudaram inúmeros pontos de vista. Também, porque não se arriscaram a pensar os anos futuros dividindo vivências, tempo e até mesmo um provável “ganha-pão” (lembra quando falamos sobre a sua confeitaria? Era no começo do meu curso, e disse que cuidaria da parte financeira, ai ai.. quantas voltas esse mundão dá né!?). E também nunca se empenharam em realizar conjuntamente alguns planos, como peças de teatro na escola, curta-metragem trash demaaaaaisss, mestrados (hum... esse parcialmente realizado né, Mestranda? ;D) e uma viagem para Europa (COF COF COF =P). E o melhor de tudo: nunca se imaginaram se encontrar no meio da caminhada da vida para sentar, tomar um café e rever todas essas coisas, sentir e desfrutar de uma boa nostalgia e planejar novamente o dinâmico do que virá!

Concluindo minha defesa, isso tudo mostra o quanto me encontrar com você teve, e tem, importância para minha vida. Com você, e todo o nosso grupo eterno, aqueles que sempre eram certeza nas idas ao cinema do Buriti Shoppis, aprendi a importância de uma amizade, madura o bastante para ser eterna, permeando toda uma, ou várias vidas. Sendo assim, o elogio também vale para você, GRANDE! Devemos muito do que somos às pessoas que caminham conosco, e olhar para o lado e saber que você estará lá, ou então chegará lá se eu precisar, para compartilhar a essência da existência, inquieta e conforta. E  bacana é saber que depois desses encontros damos os próximos passos sendo pessoas melhores!!

Muito obrigado por existir!
Amo você nanicão!

P.S.: Sarou do piriri? =P