sábado, 12 de novembro de 2011

Ótima reflexão.



    Você sabe: o futuro ex-ministro do trabalho, o tal Carlos Lupi, disse “eu te amo” para a presidente da República. Não disse olhando nos olhos dela, pelo menos que se saiba. Disse de público, em entrevista, para jornal, rádio, TV, internet.
    Bem. Antes de ir em frente, quero deixar claro que sou um homem que acredita no amor. Logo, não descarto a possibilidade de Lupi ter se enamorado de Dilma. O Cupido pode tê-lo flechado em meio a uma reunião ministerial em que seus olhares se cruzaram, uma cerimônia qualquer no Palácio do Planalto em que ele admirou o vestido vermelho dela, sei lá, são tão enviesados os caminhos da paixão...
    Porém, ah, porém, os atilados repórteres de Brasília jamais identificaram indícios de algum sentimento mais profundo entre os dois. Há quem diga que eles não são nem amigos.
   Se é assim, talvez, e digo apenas talvez, não quero que seja certo, pois, repito, acredito no amor, mas talvez a declaração de Lupi não seja de apreço aos encantos feminis da presidenta, e sim ao seu bem remunerado emprego.
    Quer dizer: Lupi jura amar Dilma para tentar despertar-lhe o amor. Ele anseia ser amado, mesmo que não ame. E, sendo tão simplório, acabou sendo profundo. Porque o quase demitido ministro revelou a essência das relações entre os sexos. Lupi olha para a presidenta e, ainda que ela seja sisuda, ainda que fale grosso, ainda que volta e meia ela descomponha um auxiliar, ainda assim ele vê uma mulher. E, ao ver uma mulher, em vez de ver a chefe, Lupi tenta seduzi-la balbuciando o que uma mulher mais gosta de ouvir:
    – Eu te amo.
    Suponho que Lupi deve ter dito eu te amo para várias mulheres, em sua vida. Suponho que algumas acreditaram. Se não tivessem acreditado, ele não tentaria repetir o truque agora, sobretudo desta forma tão... franca.
    Sim, Lupi já seduziu mulheres...
    Olhe para ele. Não se pode dizer que seja um belo exemplar do gênero masculino. No entanto, mulheres se entregaram a ele. Mulheres o amaram. Por quê? Porque ele disse:
    – Eu te amo.
    Se Lupi fosse mulher, não diria eu te amo. Uma mulher experiente nas lides do amor sabe que o que um homem mais gosta de ouvir não é uma declaração sentimental. É uma declaração carnal. Então, se Lupi fosse Lupa, ela não sairia por aí dizendo eu te amo para os homens que pretendesse seduzir. Diria: 
    – Você é uma máquina de fazer sexo. Você é um potro fogoso que leva qualquer mulher ao êxtase. Preciso de você para sentir prazer.
    É isso que um homem quer ouvir. Ele quer ser um campeão das atividades interlençóis, ele quer ser um semideus da luxúria. Ele quer que ela seja escrava dele, sim, mas não por amor; por desejo.
    Quem planeja despertar o amor do próximo, portanto, vale-se dessa arma: diz o que o próximo quer ouvir. O homem deseja, mas diz que ama; a mulher ama, mas diz que deseja; o jogador de futebol beija a camisa, mostra o escudo na comemoração do gol, jura que virou torcedor do clube no qual joga.
    É assim que é.
    Não devemos acreditar em tudo que ouvimos.
    Torcedor: eles jogam por dinheiro. Dilma: esse ministro não te ama. Pode demiti-lo sem remorsos. Eu te amo.

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