quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O que fica da viagem.


Para mim viajar é exercitar a paciência, até porque tenho um exercício que gosto sempre de colocar em prática, é bem difícil, para mim pelo menos, e às vezes me causa mal-humor, porém o resultado sempre me faz feliz... pratico o silêncio.

Praticar o silêncio é viajar observando tudo, ouvindo as conversas entre passageiros que não se conhecem, se apresentarem, contarem sobre suas viagens, o motivo do destino, como é sua vida. Observar as velhas principalmente, chorarem como seus parentes as amam e não queriam que fossem embora, como seus netos cresceram, sobre suas dores... os advogados contarem vantagem em como resolveram seus problemas com a aviação há minutos do embarque... o desespero das mães com nenéns chorosos quando eles passam de chorosos para gritantes... enfim, observar cada universo que existe fora do meu.

O papel em praticar o silêncio é me manter calada o máximo possível... isso só é bom porque ao fim da viagem me sinto reservada, com meus motivos e impressões somente para mim e imagino que talvez as pessoas pensem: "Por que essa menininha viaja sozinha?", "O que ela faz da vida?", "Por que não conversa?", "Por que chora?", "Por que dorme tanto?", "Por que lê?", "O que lê?"... Também tem um quê meditativo, um enorme quê!

É ótimo olhar a paisagem e pensar, fantasiar sobre de quem são as terras, fazendas que vejo... sobre os animais que alí estão, sobre como vivem as pessoas dalí.

Uma única vez me quebraram do silêncio. Um senhor, com seus 55 anos talvez, conversamos sobre japoneses, sobre emprego, sobre educação. Na verdade a conversa toda foi sobre educação familiar-escolar e por causa desse assunto, soube muito sobre aquele senhor e ele soube muito sobre mim.

Mas o mais interessante de viajar é que viajo sonolenta, porém acordada. Fecho os olhos e em transe, ouço as conversas, as músicas, talvez os filmes, os choros de crianças e as pessoas comentando: "Nossa! Como ela dorme!" como se fossem um sonho. Em viagens durante a noite durmo mesmo, mal mas durmo... os que me conhecem sabem: não posso ouvir o barulho contínuo de um motor. E quando o Sol aparece, desaparece com ele a facilidade do bom sono.

Desta vez voltei mais tarde do que deveria e é claro que adorei me atrasar.




Um comentário:

mkawasaki disse...

Primeiro a comentar?
Que honra...

É gostoso de ler os seus textos, suas narrativas e viajar com você. Ter o prazer de participar das suas histórias das suas idas e vindas!

Fantástico lindinha! Te amo!

Quero ver mtos textos nesse blog!

Bjo!