segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Contraditória ou metalinguística?


Admiro pessoas que ao invés de ruminarem amor incorrespondido se entregam a temas diversos, que extrapolam as temáticas recuso-amorosa e se ampliam a assuntos, muitas vezes não tão edificantes, mas de maior valia ao amor-próprio.

Todo mundo precisa de atenção, não há grupo que não sofra individualmente, "nasce-se só, morre-se sozinho" - as vezes penso, porém devemos tentar sempre sermos os guias e não o cavalo, necessitamos firmar nossas rédeas e traçar o caminho que escolhemos, ao invés de choramingar, mendigando afeto e atenção em vidas virtuais, expondo-nos para que todos percebam nossos conflitos, em  jogos pseudoamorosos.

Canso de ver meninas marcando os ex-namorados em fotos de coração, enfatizando que ainda os amam, que os esperam, que sentem saudades, em seus blogs, ou terminando amizades, falando desmedidamente o que não falariam em presença verdadeira, rapazes que se esgoelam em recados machistas ou se mostram sensibilizados demais. 

E quantas vezes não nos enganamos? Lemos status e mais status de uma pessoa infeliz e sempre as vemos felizes? Ou o contrário? É o excesso da própria depreciação. Meus sentimentos não aparecem no Facebook, no Twitter e muito menos nos aposentado Orkut: aparece na minha face e, olhe lá, no meu blog.

"Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonha que se sonha junto é realidade"... e cantarolando Raul Seixas, ultrapasso o egoísmo que sempre tenta nos tomar e me lembro que se não há alguém a atender a minha vontade de sonhar comigo, existem, lá fora, pessoas querendo sonhar compartilhado.

Basta-me ampliar o olhar a elas e esquecer-me um minuto que meu mundo não existe, existe o nosso conjunto de indivíduos querendo compartilhar mais que posts em redes sociais irreais, onde todos conhecem a vida de todos e ninguém conhece ninguém. Em quantas salas existirão pessoas sozinhas que anseiam atenção?

Quero um mundo real.

4 comentários:

disse...

Lindo texto!

Aí está o ponto chave, as pessoas se acostumaram a viver de uma felicidade divulgada, e o pior que para muitas isso basta.

Eu como você anseio por uma felicidade real.

.cereja disse...

Lú, você não poderia ter expressado melhor: felicidade divulgada e pior: tristeza divulgada, abandono divulgado (os que mais me irritam).

Jéssica disse...

Contraditória.

Ana Paula Rosa disse...

Também sou contraditória nesse aspecto e sei como se sente. Lamento tanto que minhas relações tenham se virtualizado, pq meus pensamentos e sentimentos não cabem numa http://.