segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Velhos novos ventos



Como é difícil ser unilateral. Como é complicado manter apenas uma opinião. Ser uma coisa só. Classificar cada um dos sentimentos mais abstratos que me passam e recortam, cortam em pedacinhos cada ponto da minha massa firme, invólucro material de toda minha essência que é espiritual. Quando tento classificar meus sentimentos, racionalizar minhas vontades, entender o que eu quero e o que me afeta, a conclusão é sempre a mesma: "Relaxa, Lili, não tem jeito".

Sim, a voz que fala comigo me chama de Lili. A voz boa, claro. Aquela que gosta de mim. Que me orienta bem, que canta pra mim. E ela sempre diz: "Lili, vai dar tudo certo"... "Lili, não é assim"... "Lili, não tenta"... "Não é assim"... "É muita simploriedade explicar a mente. A gente nasceu pra sentir, não pra classificar reações"... "Vai que é desse jeito". O vínculo da mediunidade e da vontade real. Aquela deusinha interior que em parte sou eu, em parte é outro e que voa dentro de mim, plana no vento, dizendo: "Vamos por partes".

Esses dias eu tinha um conjunto de cabelos que chegava na minha cintura e esse conjunto alimentava cada ponta de energia dupla, desbotada e morta que tentava viver seca em mim. Sugava toda brisa insistente em arrepiar a nuca minha. Ai eu cortei esse mal não pela raiz, mas na sua parte em decomposição. E, meu amor, como é bom cortar o excesso. Sem peso a me puxar as ideias, tudo aquilo que joguei fora abriu espaço. Eu nasci mesmo para cabelos pequenos. Eu sou mesmo toda pequena, é que pequeno dá pra trabalhar melhor, mais bonitinho e com mais detalhes.

Um comentário:

Cláudio disse...

Sutil, singelo, desarmado, despretensioso, um texto espontâneo que beira a ingenuidade. Gosto de ler você. Nos seus textos que você transparece mais.Eu comecei a escrever já estava com trinta e há muito me encanto com seus textos. Vejo você tão â minha frente que me emociono.