quarta-feira, 5 de junho de 2013

É necessário ter rugas



Você precisa morrer para entender na vida as coisas que entendi. 


Houve uma conversa entre amigos que eu não estava, mas que a Ana comentou comigo. Era sobre o fato dessas pessoas que conhecemos num dado momento, depois de algum tempo mudarem tanto que a impressão mais filosófica a que chegamos é a de que morreram: morreram no jeito, na aparência, na voz, na cultura, morreram, às vezes cedo demais e isto é doloroso... tanto para elas, quanto para nós, ambos em algum tempo nos perguntamos aonde foi, ora bolas, que nos perdemos, quando foi que nos enterramos?

E neste meu diálogo com a Ana, a conversa era sobre o tipo de morte em que o indivíduo ainda vive, o que prova a existência de qualquer existência que não mais reconhecemos é o corpo, os traços que sobraram, alguma luz nos olhos. E falávamos de uma outra amiga que morreu, mas a Ana relembrou o comentário da Vívian sobre esta conversa em que eu não estava presente, a Vívian é minha irmã:

- Eu acredito em qualquer essência que está alí, a essência que nos fez amá-la pela primeira vez e talvez só falte o convívio para enxergarmos qualquer resquício de vida primitiva... exemplo disso é a Lílian, veja como ela é completamente diferente desde que a conhecemos.

E terminou assim a Ana: "Lili, você é uma dessas pessoas que morreram". Bem... eu já sabia que tinha morrido, eu só não sabia que o mundo também já tinha lido o obituário.

Um comentário:

Vívian de Castro disse...

São muitos os aspectos. Pode ser que nós tenhamos em nós aquilo que nasça mais tarde. Muito de cada um de nós morreu, esse obituário é perceptível para todos que pelo menos se importam em nos observar. Muito de cada um de nós nasceu, pode ser que morra, pode ser que algo mais nasça. Tem mesmo uma essência que fica, imagino, e que agrupa a nós porque estamos em constante observação por nos preocuparmos em manter o laço.