Essas eleições acabaram e, ao contrário da maioria postante
dos meus amigos, eu não tenho respostas e nem argumentos e antes que eu receba
algum comentário me chamando de alienada: talvez eu seja mesmo, porque hoje, eu
simplesmente não estou entendo o que passa. Na verdade, e eu não sei se isso é
verdade, fiz parte daqueles 38 milhões de eleitores, que representam um número
maior que o de eleitores do estado de São Paulo, que não foram votar. Vejam
bem: eu disse NÃO FORAM VOTAR e não que votei nulo.
Nestas eleições eu simplesmente não compareci à zona
eleitoral, aliás, este nome nunca coube tão bem ao momento! Não fui e me senti
realizada por isso, sei inclusive que irei responder a essa responsabilidade a
qual me abdiquei. Mas comprei essa multa de 3 reais por motivos muito básicos:
nenhum dos candidatos que me apresentaram me representa. Não concordo com a
política de nenhum deles, todos eles me enojam, cada um por determinadas
características, e não seria o fato de eu querer mudanças políticas no meu
país, que faria eu acreditar que esta mudança POSITIVA seria Aécio, também não
acreditei que a Dilma (uma presidente que se intitula presidenta), testa de
ferro do PT e de um grupo que comanda o Brasil faça um bom trabalho, faz o
mínimo dentro das obrigações e deixa um outro tanto gigantesco a desejar.
A nível estadual, me deram duas opções ridículas, a qual me
recusei mais ainda a votar: Íris ou Marconi. Li no facebook de um amigo: “Marconi,
nunca te perdoarei por me fazer votar em Íris”. Tínhamos a opção de um coronel novo e antigo e um coronel babão velho gagá.
Um sucateia nossos institutos educacionais, o outro não pagava nem seus
funcionários públicos em dia. E como este desabafo não é uma lista de todos os
problemas de cada um dos candidatos, não irei enumerar aqui o quanto cada um
destes 4 políticos é um tapa na minha cara.
Na mesa de almoço do restaurante em família, enquanto éramos
diariamente obrigados a assistir horário político (Se fosse em casa a televisão
estaria desligada), a vontade que eu tinha era a de comer e ir diretamente para
um tatuador, tatuar BURRONA em letras garrafais na minha testa, porque é o
mínimo que esse sistema governamental que seguimos deve pensar de nós.
Apesar de todo esse período revoltante, eu fui atrás de
textos da Terra, da Uol, da Folha de São Paulo, Caros Amigos, a Veja não,
realmente não! Eu li tudo que me apareceu e pareceu minimamente respeitável.
Vai um agradecimento aqui a todos meus amigos que postaram tanto sobre seus
candidatos, acreditem, estava lá eu, tentando formar uma opinião. Questionei
meus amigos, meu pai, meus irmãos e toda e qualquer pessoa que eu pensasse que
tivesse um ponto de vista mais crítico. Encontrei gente a favor de Aécio e
gente a favor de Dilma, encontrei também gente como eu: confusa.
Por fim, sempre me restava uma pergunta interna que vem
crescendo cada vez mais com essa ressaca virtual política: Será que essas
pessoas não percebem que os candidatos todos tem pontos que motivariam um voto,
mas todos estão afundados numa lama corrupta? Será que as pessoas que tanto
defenderam PSDB ou PT não se deram conta que os dois são dois porqueiras!? Que
estávamos optando pelo cocô e as fezes?
Daí que concluí, por meio de tantas respostas que recebi,
faladas e escritas, que o voto é um mecanismo de transformar toda essa
palhaçada política que vivemos em algo legalizado. A Dilma foi eleita, o
Marconi foi eleito e eles não representam uma galera, pior: Eles vão continuar
fazendo o serviço torto deles, maaaas eles foram eleitos, o povo votou, elegeu,
legalizou, os colocou lá mais uma vez. E se tivéssemos tirado, seriam Aécio e
Íris? Eu sinceramente não sei o que é pior! Ainda não sei, mas agora eles já estão
lá e eu ainda estou confusa.
Estou confusa porque o brasileiro vota por índices de
pesquisas que pudemos perceber não correspondem ao que acontece na vida
prática, o brasileiro vota naquele que tem mais que 30% de possibilidades e eu
odeio essa frase “O brasileiro...”, mas sobre isso eu não sei como funciona lá
fora. Eu sei é que aqui é que sou OBRIGADA por lei a me dirigir a uma urna
eletrônica e escolher entre a titica de galinha e o estrume do cavalo para fazer
valer a democracia (Oi?).
Estávamos na piscina em Caldas Novas no dia da eleição e um
pai comentou do meu lado pro seu filho:
- Temos que ir embora, vai se secar.
- Mas por que tão
cedo, papai? – O menino tinha uns 7 anos.
- Por que eu tenho que ir votar.
- Mas você é obrigado a votar?
- É... é isso.
- Mas por quê?
- Por que é lei, vai logo.
- Tá... Mas você não acha isso estranho?
- Anda logo, menino, para de perguntar!
Eu e meu namorado (Sim, o mundo perdeu uma solteira
convicta) rimos. As pessoas deixam de questionar o óbvio. Mas eu questionei
isso aí, e obrigados mesmo não somos, temos que pagar uma multa, nos deslocar
um pouquinho algum dia, mas ninguém foi lá me tirar da piscina em Caldas,
amarrada, e me levou até minha zona (Adoro!). Eu não fui votar nesta eleição e
me senti livre, senti que não agredi meus princípios. Porém algumas coisas me
agrediram:
- Me agrediu o comportamento agressivo e elitista, enrolado
num véu de alternância de poder e intelectualismo, de gente do meu convívio ou
não. E sinceramente, torci para que Aécio perdesse por conta desse pessoal, exclusivamente,
que fala com quem não era a favor dele, como se fosse ignorante, que agride
verbalmente e ameaça o futuro do outro com frases de “Esse povo merece, quero
só ver agora”. E olhe que eu estava à procura de gnose (Saudades, professor
Rogério de literatura portuguesa que sempre explicava o sentido de ignorância,
o ato de não saber).
- Me agrediu a charlatanice da Dilma.
- Sempre me agride a baba do Íris e o olhinhos de cobra do
Marcone.
- Me agrediu a apresentação de todos esses políticos como se
fossem anjos cheios de bons princípios acusando o adversário capeta dos
infernos da corrupção, como se todos não soubéssemos publicamente algum
escândalo político deles.
- Me agrediu planos de governo mirabolantes, assim como
resultados maravilhosos que não vi, daqueles que estavam tentando se reeleger.
- Me agrediu gente que ia votar no Aécio, mas estava votando
em Íris (WTF!?), ou a dupla DilMarcone.
Apesar de tudo, achei bonito a forma como meus amigos petistas demonstraram seus pontos de vista, mesmo que eu tenha achado, vez ou outra, daquelas paixões canalhas cegas. Enfim, quando o Chris me perguntou quem eu preferia, no
domingo, eu respondi: Prefiro o apocalipse zumbi. – Porque, pelamordedeus,
gente! Será possível que vocês acham que íamos mudar pra melhor? Ou será possível
que vocês acham que esse governo é bom!??
Eu prefiro uma
reforma política, eu prefiro um novo sistema, eu prefiro não ir a esta festa da
democracia mentirosa, eu prefiro continuar trabalhando, eu prefiro que abram
logo um concurso público pra educação, pois desde que eu formei, meu estado não
fez NENHUM pra Letras em Goiânia (4 anos), eu prefiro ganhar bem sendo professora, eu prefiro ser atendida por médicos
brasileiros que cumprem horário corretamente como qualquer outro funcionário no
Brasil inteiro, eu prefiro não pagar plano médico e ter um sistema de saúde de
qualidade pra mim, que serei atendida, e pro médico que tem que atender, eu
prefiro que todos trabalhemos com qualidade, eu prefiro não ser assaltada em
qualquer esquina, eu prefiro não ter medo da própria polícia do meu país, eu
prefiro um sistema de transporte urbano público como o que vi na Áustria, eu
prefiro não ficar sem água ou energia.
Eu só não prefiro esse desgoverno. Eu prefiro que as pessoas
questionem o óbvio.
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