Este é um texto sobre tudo que eu
não imaginava que podia acontecer. É uma redação sobre aquela coisa de quando
você desistir sem perder a esperança nas relações positivas da vida, ela vai
acontecer pra você. É um texto sobre postura mental... ou talvez um ensaio
sobre energia. Um ensaio mequetrefe sobre a vibração que a gente cultiva por
dentro.
Eu, que sou uma Zé ninguém
travestida de mim mesma, compreendi que é assim que a vida é: você precisa se
tornar a sua teoria para que ela ocorra no mundo prático. As pessoas, seja lá
qual for o momento, tendem a se tornarem o que são por dentro e saiba: é
inevitável sair de dentro. Uma hora ou outra, todo mundo sai... E você pode
tentar impedir isso, assim como alguns pais impedem seus filhos de serem gays
ou algumas mães impedem suas filhas de colocarem alargador ou pintarem seus
cabelos de verde. Tudo acontece na vacilada: É aquele pequeno momento que você
se distrai que a pessoa sai de dentro, e essa pessoa pode ser você mesma, ou
alguém que você está dominando para que não exploda pra fora a essência de
dentro. Não se reprima, já cantavam os pagodeiros dos anos 90.
Eu, por exemplo, ansiava por
escrever. Meus dedos precisam digitar. Mas o tempo e os acontecimentos me
retardaram nesta produção aqui. Sabe aquela coisa do mundo ir acontecendo, o
trabalhando ir sufocando, a vida mudar e as prioridades emergirem? Ocorre que,
desculpe, minha essência escreve até na reflexão mental, é sobre textos que eu
penso all the time. Minha alma funciona pela redação. São todos os segundos
desses 25 anos uma narrativa, uma história construída pelo que se passou, pelo
que espero que ocorra e pelos enredos que invento aqui do lado de dentro. Outro
dia escrevi: O que quero que aconteça e o que faço com o que ocorre.
Bem... Toda história tem dois
lados. Este é o meu. Eu não vou contar como as coisas aconteceram, eu acho que
basta dizer que todo o turbilhão que me fez chegar à conclusão, que é o que eu
preciso contar pra você que está aí perdendo seu tempo me lendo, aconteceu de
uma só vez e sem que eu esperasse e como foi rápido e inesperado, óbvio que
atropelou etapas... Foi aquele turbo da corrida que se você consegue controlar,
te faz ganhar o jogo. De repente apertaram o turbo velocidade do meu carrinho
do Need for Speed e um ciclo se fechou pra abrir um novo.
A questão é, claro, que às vezes
a felicidade da sua vida esbarra no planejamento da vida dos outros. É claro
que quando você parte pra novas estradas, você deixa pra trás uma parte do seu
caminho, nem sempre tudo pode acompanhar, acompanha na lembrança, acompanha no
coração, acompanha na essência que é o que a gente é, mas não acompanha necessariamente
na vida concreta e a gente aprende a lidar com isso com o passar do tempo.
Desculpe se eu te deixei ou se esbarrei
na sua vida pra que a minha continuasse, com a vivência todo mundo vai
aprendendo que essa lógica é inexorável, a diferença é a delicadeza com que
você leva as coisas. Delicadeza sempre foi um exercício pra mim, daí que já
nasci pequenininha pra evitar catástrofes.
Mas, péra! Calma! O que eu
preciso contar nessas letras, é isso aqui: Cara pessoa, o mundo acontece
praquela gente que se torna sua própria teoria. A vida e tudo que você reza pro
universo te proporcionar vai acontecer, você vai inevitavelmente sair de
dentro, não tem jeito das coisas darem errado na vida da gente... A questão é a
demora que vai demorar... E ela vai depender muito mais de você se tornar a
prática do que você deixa sair pela sua boca do que das pessoas e do mundo a
sua volta.
Não adianta acreditar que se
colhe o que se planta e desejar/esperar a má colheita do outro. Não adianta
querer amar e não acreditar que existam pessoas amáveis. Não adianta querer um
emprego melhor e não exercer direito seu próprio cargo atual. Não adianta falar
mal do ensino de sua escola e não cumprir com as atividades que ela propõe para
te ensinar. Não adianta falar mal do comportamento alheio e fazer o mesmo em
retribuição ao semelhante. O mundo não é uma fábrica de realizações ocas e ele
gosta de gente verossímil, seu raciocínio é lógico.
A minha teoria se resume numa
frase: “Nasce se só, morre-se sozinho”. A vida é uma questão individual, você
precisa aprender a gostar de ti mais do que qualquer outro alguém. E talvez precise passar a dispensar
companhias, porque a sua é a melhor. Você vai precisar ir ao cinema só, fazer
compras só, sair, viajar, andar e viver só, até que deixe de perceber que está
em descompanhia. Desse modo, um dia você passará a ser priori de quem te coloca
como priori, porque você é a sua própria prioridade... Uai!? Mas isso aí eu
disse em outro texto fajuto meu. Então porque estou repetindo há tantos dias
essa reflexão, enquanto vou pro ponto de ônibus ouvindo música?
É porque durante muito tempo essa
foi uma teoria que não passava de um conceito que eu havia compreendido, mas
não havia internalizado. E quando eu a escrevi, ela já estava aqui dentro do
que sou, mas ainda não era eu. Ela era aquilo que eu tinha que fazer. E eu
nunca contei isso pra ninguém, mas eu sempre penso assim de mim enquanto estou
trabalhando funções progressivas: “Eu sou uma formiguinha executadora, a minha
função é fazer com que dê certo”. Esse exercício de colocar as teorias em
prática até que se tornem habituais e até que o hábito se torne mecanismo
natural de comportamento é a atividade que exerço bem: o dom de transformar a
teoria em prática até que ela vire do avesso, saia de dentro e se torne visível
(Ou, pelo menos, tento).
Enfim, outro dia caí de gaiata
almoçando com duas alunas do terceiro. Aí uma falou assim pra outra: “E você
deixou ele?”, “Deixei! Agora eu sou priori de quem me coloca como priori”.
Velho, aquilo foi um baque pra mim, porque essa frase eu tinha escrito num
texto e essas alunas falaram isso e teceram em mim aquele olhar de quem comunga
daquela ideia, um tipo: “Eu li e fazendo!”. Aí eu entrei na minha sala, sentei
em minha mesa e pensei: “Hey, sua titica de galinha, tá na hora de você fazer
aquilo que você fala!” e cá estou eu encerrando um ano de coordenação
pedagógica, morando sozinha, tentando equilibrar família e amigos, namorando um
cara maravibeautifull, preparando o ano que vem e, sim, tudo isto está
lindamente difícil, cansativo e ideal.
Ou seja, pra quê este textão todo
tão confuso? Ele é pra dizer: Pare de repetir coisa feia! Comece a idealizar
pra você a vida que você quer e passe a fazer da teoria de vida que você tem aí
dentro de você, uma verdade. Pare
de pensar negatividade! Existe gente legal, trabalho legal, vida boa e do jeito
que você quer, desde que você sintonize a sua energia com a energia correta do
universo...
Pare de falar mal das mulheres de hoje, dos homens atuais, deixe a segunda-feira
em paz, trabalhe mais, saia de férias, estude (Estude sempre, a humanidade peca
pela ignorância), esforce-se, arrisque, saia de casa, ou continue, se é
justamente esse o caso, muda aquela coisa lá que você sabe que já passou da
hora, desapega se já aconteceu o que você não queria que acontecesse, parte pra
próxima. Faça essa sobrancelha junta sua ou afirme a Frida Kahlo que existe em
você. Tome uma atitude individual por você mesm@. Deixe a vida coitadística de
lado. Afirme-se. E fazer isto não é complicado, mas também não é pra quem tem
preguiça.
(P.S.: Sobre a foto no instagram: Eu não esperei.)
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