quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Você pode pensar que isso é um poema mas é só o começo de um outro livro mesmo.


Você também pode ter tudo isso que está na minha expressão. E veja: é só isto que pode ser nesse círculo vicioso que é o cálculo de sua vida e as peças que ela prega na gente:

Ele é todos os sonhos que tive, é o merecimento que colho, é todas as cartas anônimas que deixei de escrever pra ninguém, dizendo que eram contos de ficção. Você é a felicidade sendo escrita, é o sentimento verdadeiro, é a certeza do Eterno, é o desejo do mundo. 

Aquele pro qual eu só escrevi recados entregues, só recebeu de mim pequenos bilhetinhos, é esse aqui que não me deu tempo pra escrever de você... Não me deu tempo pra rabiscar linhas nem de falta, nem sobre a sobra. Você é o meu presente; aquele que não envergonha declarar, porque é certeza. É a explicação daquela antiga falta que eu sentia de não sei o quê. Só é. É aquele poema que vai ter nome.

Ele é a minha falta de inspiração. O que cura, o que assume, o que vive. O que não teve medo, o que aguentou o tranco que a Bah disse que eu sou e que ninguém segurou. É o meu pedaço intacto, sem remendos, sem agradecimentos forçados, é aquele que não está na minha pasta de fotos velhas de alguns dias atrás.

Tudo aquilo que eu sempre soube aqui dentro que eu mereço, tudo aquilo que eu não fui atrás, tudo aquilo que chegou e tomou posse da propriedade de domínio natural. A intuição instintiva. A recíproca verdadeira. A decisão tomada. O acontecimento espontâneo. 

A narrativa de sucesso, longe dos enredos fracos sobre gente que tem problemas. Uma história sem conflito, a trip que todos nós estamos esperando, que todos nós merecemos, que todos nós sabemos que temos e não vemos por mais que tentemos.

Aquele que veio depois do final da estrada de horizonte que não se vê, a viradinha da curva que você descobre que existe, que se insinua no vapor do asfalto quente, na estrada longa e longínqua.

É a inversão do meu eu: “Eu só”. Invertido o passado, virou presente, mudaram-se as posições. Acabou (finalmente) a ambiguidade inapercebida, repetida em meus versos: “É só”, “Eu só”...

Aqueles recadinhos que nos mandamos do profundo da inconsciência mais distante e silenciosa: É o último texto. É o último eu te amo. Você só é mesmo e eu só te amo. 

(Para ouvir com Passenger.)

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