domingo, 4 de março de 2012

Há de se refletir


"Que a justiça seja feita!"... quantas vezes na vida ouvi este choro nos noticiários?

Quando eu era criança e a minha mãe me colocava de castigo, eu tinha que ficar no sofá assistindo o jornal inteiro, era simples marcador de tempo, mas o corretivo virou hábito na vida adulta.

E ai outro dia, alto das férias, acordando lá pelas tantas, só resolvi abrir o Facebook umas duas horas da tarde. Deparei-me com vídeos e características de uma mulher que resolvera espancar um cachorro até a morte. As pessoas estavam ensandecidas, vasculharam tanto, que descobriram a vida completa dela... no final das contas, realmente foi punida (dentro das leis e concessões que lhe couberam).

Daí hoje, assistindo Fantástico, pergunto: Cadê o CPF, o endereço, o telefone residencial, a ficha completa dos assassinos que atearam fogo nos dois moradores de rua de Brasília? Cadê os protestos na frente das suas suntuosas residências? Cadê os status revoltados? Cadê as pessoas questionando a existência da humanidade?

Não sei... não existem. Porque talvez, numa triste cena de desamor, amamos mais os yorkshires indefesos as nossas próprias vítimas sociais. Nem arrisco dizer que essas pessoas (com direito a negrito, itálico e sublinhado) tem uma vida de cão, vida de cão, meu amigo, é assistida. 

Conheço gente que se dedica a ONG de cachorro abandonado (o que também tem muito valor) mas não estende o olhar crítico pra frente da coleira que leva à mão. Que compartilha toda semana imagens de gatos despelados por loucos em busca do vislumbre de alguma autoridade, mas não tira o dia pra ler um artigo relevante se quer.

Sejamos nossos melhores amigos também. Alienação fantasiada de revolução virtual não cola. Será que todo amor ao próximo se esgotou lá na revolução contra a enfermeira chutadora? Não sobrou nem um pouquinho pros mendigos, por quê?

Um comentário:

Ana Paula Rosa disse...

Concordo em gênero, número e grau.